O Centro Interpretativo Mineiro de Jales está a ser construído em Vila Pouca de Aguiar para preservar a memória dos antigos mineiros, representa um investimento de meio milhão de euros e deverá abrir em 2021, anunciou o município.
“O equipamento servirá para resgatar a tradição mineira nesta região, indo de encontro à valorização patrimonial e turística das minas de Jales”, afirmou à Agência Lusa o presidente da autarquia, Alberto Machado.
As minas de ouro de Jales foram exploradas desde o tempo dos romanos (século I), foram as últimas de onde se extraiu ouro em Portugal e fecharam em Outubro de 1992. Agora, na localidade de Campo de Jales, freguesia de Vreia de Jales, está a ser construído o Centro Interpretativo Mineiro, estando a obra já em curso e prevendo-se que o espaço museológico entre em funcionamento no próximo ano.
A Associação de Desenvolvimento Integrado das Terras de Jales (AOURO) é a promotora da candidatura, com o apoio do município de Vila Pouca de Aguiar, que foi aprovada pelo Turismo de Portugal no âmbito da linha de apoio à valorização turística do Interior.
O equipamento representa um investimento 557 mil euros, comparticipado em 444 mil euros pelo programa Valorizar. O projecto prevê a recuperação da casa do guincho do poço de Santa Bárbara, onde ao lado se pode ver o único cavalete que se preserva da antiga concessão mineira.
Nesta casa estavam instalados os motores que permitiam o funcionamento do elevador, por onde eram transportados os mineiros e o minério. O edifício será ampliado, embora se mantenha a traça original, e acolherá o centro interpretativo, por onde começará a viagem pela história contemporânea de Jales. Vai ainda ser construída uma réplica de uma galeria subterrânea, com acesso idêntico ao utilizado pelos mineiros, que permitirá experienciar como era o trabalho no interior das minas.
“A casa do guincho do poço de Santa Bárbara, que permitia a comunicação desde o solo até às galerias das minas de Jales, tem agora o propósito de dar a conhecer as últimas minas de ouro e prata a serem exploradas em Portugal”, salientou a autarquia em comunicado.
O equipamento vai ser constituído por pisos superior, térreo e inferior. No exterior, haverá uma área de acesso e lazer e pontos de informação da mina e da região. A partir daqui os visitantes serão convidados a partir à descoberta da aldeia e dos vestígios deixados, como o Bairro dos Mineiros, as casernas ou a zona onde existia a antiga escombreira e que foi requalificada.
A associação AOURO pretende, com esta iniciativa, “cumprir um desejo antigo da população em valorizar este valioso património mineiro”.
Nestas minas a exploração mais recente remonta ao século passado com a exploração do sistema filoniano da Gralheira (1929) e o filão de Campo (1933). A actividade mineira desenvolveu-se ao longo de cerca de cinco quilómetros e atingiu os 600 metros de profundidade. A exploração mineira do estado português terminou em 1992, tendo sido a última exploração de ouro em Portugal.
As minas foram “o motor económico” desta região que, depois do encerramento, foi atingida pelo desemprego e o despovoamento. Esta foi a também a primeira área mineira fechada que foi requalificada no país, um projecto executado em 2005 e que se tornou num exemplo de sucesso.