Investigadores detectam bactérias patogénicas em águas de praias balneares do Norte

Ao longo de 14 meses de recolha de amostras de água, detectaram-se bactérias do género Vibrio, algumas patogénicas para o ser humano.

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Investigadores recolheram amostras de água ao longo de 14 meses DR

Investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, detectaram bactérias patogénicas, algumas até resistentes a antibióticos, nas águas de praias balneares do Norte do país, que acreditam serem impulsionadas pelas alterações climáticas.

Num comunicado no site da Universidade do Porto, o gabinete de comunicação do ICBAS afirma que os resultados foram obtidos no âmbito do projecto BeachSafe, que estudou a presença de agentes microbianos em dez praias do Norte durante 14 meses: Afife, Ofir, Póvoa do Varzim, Árvore, Matosinhos, Salgueiros, Aguda, Paramos, Cortegaça e São Jacinto.

“Em águas balneares do Norte de Portugal, classificadas como excelentes para banhos de acordo com a legislação em vigor, foram detectadas bactérias do género Vibrio (V. cholerae, V. parahaemolyticus e V. vulnificus), algumas patogénicas para o ser humano, inclusivamente resistentes a antibióticos”, lê-se no comunicado sobre o projecto liderado por investigadores do Laboratório de Hidrobiologia e Ecologia do ICBAS.

Segundo o ICBAS, as alterações climáticas, nomeadamente o aumento da temperatura, variações da salinidade e concentração de partículas na água, “parecem ser responsáveis” pela propagação destas bactérias, que representam “um risco não contabilizado para a saúde pública”, dado que a avaliação oficial é feita tendo por base indicadores fecais.

“O número de infecções relacionadas com a água balnear em todo o mundo, incluindo na Europa, tem vindo a crescer nos últimos anos”, refere o instituto da Universidade do Porto, acrescentando que grande parte dos casos se associa a bactérias autóctones e vírus entéricos (grupos de vírus presentes no trato gastrointestinal humano que, por transmissão fecal-oral, podem causar doenças).

“A maioria dos casos está associada a bactérias autóctones que encontram condições favoráveis para se propagarem, devido às alterações climáticas, ou a vírus entéricos, em resultado das descargas de águas residuais brutas ou deficientemente tratadas”, esclarece o ICBAS.