A cantora Vera Lynn, que se tornou um símbolo de esperança na Grã-Bretanha durante a II Guerra Mundial e, mais recentemente, durante a pandemia de covid-19, com a sua canção We'll meet again, morreu, nesta quinta-feira, aos 103 anos de idade.
Conhecida como a “querida das Forças Armadas” durante o período da II Guerra Mundial, Vera Lynn motivou batalhões de soldados nas diversas frentes de combate, assim como quem os aguardava em casa, com canções como The white cliffs of Dover, em que acalentava a esperança no conflito que colocou os britânicos entre os Aliados contra a Alemanha nazi.
We'll meet again
Don't know where
Don't know when
But I know we'll meet again some sunny day
[excerto de We’ll meet again]
Apesar de, com os anos, ter perdido protagonismo, Vera Lynn continuou sempre a ser uma figura pública acarinhada no Reino Unido — em 2017, para assinalar o seu 100.º aniversário, uma imagem gigante sua foi projectada nos penhascos brancos de Dover que cantou, tendo sido, na época, lançado um álbum comemorativo — e nunca foi esquecida como símbolo de fé. Foi, aliás, nas suas canções que a rainha Isabel II se inspirou para passar uma mensagem de alento no início do surto pelo coronavírus SARS-Cov-2. “Voltaremos a encontrar-nos”, disse a monarca numa declaração rara à nação. E, após o discurso, os britânicos juntaram-se num canto colectivo do hino de guerra citado.
Além da música, Vera Lynn passou pelo cinema e televisão, tendo feito a sua estreia no grande ecrã precisamente com o musical que absorvia para título a sua canção: We’ll Meet Again, de 1943. A interpretação de Lynn neste filme voltaria a ser usada, mais tarde, na obra-prima de Stanley Kubrick de 1964, Doutor Estranhoamor — ainda que, no caso, a canção tivesse sido usada para musicar a cena final daquela sátira, em que um holocausto nuclear aniquila a humanidade.
As causas do óbito não foram divulgadas pela família, sabendo-se apenas que “morreu entre os seus entes queridos”.