Adeptos contra a simulação de sons do público nos estádios

Fãs de futebol de 16 países defendem que a ausência de público “não pode ser compensada por uma simulação de computador”.

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Javier Etxezarreta/EPA

Um grupo de adeptos de 16 países da Europa lançou nesta quarta-feira uma campanha contra o som artificial de público que tem sido transmitido nos jogos de futebol à porta fechada, devido à ausência de assistência face à covid-19. No dia em que recomeça a Liga inglesa e a UEFA se prepara para divulgar a fase final da Liga dos Campeões, os fãs argumentam que os cânticos pré-gravados, numa realidade que é aumentada, representam “um castigo para os adeptos”.

No reinício da Bundesliga, as televisões alemãs ofereceram a possibilidade de os adeptos terem som gravado ou apenas o directo do estádio sem público, mas a distribuição internacional da prova optou por ter som artificial.

A empresa EA Sports, gigante do universo de jogos de vídeo, está a fornecer igualmente sons do seu arquivo para as transmissões na Liga espanhola e na Premier League, que recomeça nesta quarta-feira com os jogos entre Aston Villa e Sheffield United, e Manchester City e Arsenal, ainda em atraso da 28.ª jornada.

“Os estádios vazios são uma consequência directa da crise de saúde pública que afectou cada um de nós e a ausência de adeptos não pode ser compensada por uma simulação de computador, dirigida a um divertimento de audiências televisivas”, sustentam os adeptos na carta de protesto.

Após a declaração de pandemia, no dia 11 de Março, as competições desportivas de quase todas as modalidades foram disputadas sem público, adiadas (Jogos Olímpicos Tóquio2020, Euro2020 e Copa América), suspensas, nos casos dos campeonatos nacionais e provas internacionais, ou mesmo canceladas.

A retoma progressiva das competições nacionais tem sido levada a cabo sem adeptos, apesar de algumas Ligas estarem já a fazer pressão no sentido de ser permitido o regresso paulatino dos espectadores. Enquanto isso não sucede, têm-se multiplicado as estratégias dos clubes para diminuir o impacto da ausência de público nas bancadas.

Desde a colocação de tarjas a cobrirem bancadas inteiras, de cachecóis em cada uma das cadeiras, de manequins vestidos a rigor e a simularem a presença humana, até à instalação de ecrãs gigantes com milhares de janelas virtuais, junto ao relvado, os clubes têm gerido este momento de forma distinta. Mas sempre em contagem decrescente face ao dia em que poderão reabrir as portas dos estádios.