Programa Limpa & Aduba investe 17 milhões até 2024

O Programa Limpa & Aduba, que visa apoiar e incentivar os produtores na adopção de boas práticas de manutenção dos povoamentos de eucalipto, superou as metas traçadas para a primeira campanha. Em 2018 e 2019, foram intervencionados 6074 hectares. O investimento previsto até 2024 ronda os 17 milhões de euros, exclusivamente suportado pelas associadas da Celpa.

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daniel rocha

“Objectivos atingidos e até superados.” Eis o balanço do Programa Limpa & Aduba, uma iniciativa da Celpa – Associação da Indústria Papeleira que tem como objectivos principais a redução do risco de incêndio, a melhoria da produtividade e do rendimento, e a promoção da gestão florestal sustentável e da certificação florestal, “beneficiando todos os intervenientes na cadeia de valor”. 

As declarações são de Luís Veiga Martins, secretário-geral da Celpa. “Na primeira campanha foram contempladas três regiões: Centro Litoral, Centro Interior e o Sul Litoral”, explica Veiga Martins ao PÚBLICO. A meta, diz, era “intervir em 2000 hectares em cada uma destas regiões do programa”. Foram “intervencionados 6074 hectares e beneficiaram do programa 678 produtores florestais”.

Veiga Martins está visivelmente satisfeito: “O balanço da primeira campanha foi muito positivo, na medida em que os objectivos traçados – 6000 hectares no total das três regiões referidas – foram atingidos e até superados.” Por outro lado, estava previsto o envolvimento dos parceiros locais e “as inúmeras candidaturas dos proprietários florestais excederam largamente os objectivos”. Foram recepcionadas “candidaturas para uma área superior a 11.000 hectares”.

O Programa Limpa & Aduba, recorde-se, surge no âmbito do “Projecto Melhor Eucalipto”, promovido pela Celpa e as suas associadas, “com o propósito de implementar um programa operacional, traduzido em ‘obra no terreno’”, conta Veiga Martins. Tudo, através da “transferência do conhecimento e das boas práticas florestais, do apoio técnico e financeiro aos proprietários e produtores florestais das áreas que não são geridas pelos associados da Celpa”.

Em cima da mesa está um investimento previsto de cerca de 17 milhões de euros para o período de 2018 a 2024, “a ser suportado exclusivamente pelos associados da Celpa – Navigator e Altri , não tendo qualquer tipo de apoio público”, sublinha o secretário-geral da Associação da Indústria Papeleira.

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O Programa Limpa & Aduba prevê um investimento na melhoria da produção de eucalipto na ordem dos 17 milhões de euros em seis anos, suportado pelos associados da Celpa - Associação da Indústria Papeleira. nelson garrido

Na segunda campanha foram intervencionados 12.300 hectares

A segunda fase (2019/2020) decorre até ao final deste mês de Junho. Ou seja, “está praticamente concluída”, diz Luís Veiga Martins. Para este horizonte temporal foi definido um objectivo de “intervir em 12.000 hectares”, tendo-se alargado o programa a “duas novas regiões: o Oeste e o Norte Litoral”. Ou seja, estão “abrangidas no programa cinco regiões, em zonas maioritariamente de minifúndio e de boa aptidão para o eucalipto”, frisa o secretário-geral da Celpa.

As metas foram novamente ultrapassadas. “Nesta segunda campanha foram intervencionados cerca de 12.300 hectares, beneficiando 1771 produtores florestais”, revela Veiga Martins.

O PÚBLICO questionou o secretário-geral da Celpa sobre a adesão dos produtores florestais ao programa, se há dificuldades e qual é o maior constrangimento. Veiga Martins não tem dúvidas: “Os produtores florestais têm sido muito receptivos, pois sentem-se apoiados técnica e financeiramente, reconhecendo a importância e a mais-valia do programa para a redução do risco de incêndio e para a melhoria da produtividade e rendimento das suas explorações.”

É certo que o Limpa & Aduba “em cada região teve a sua curva de arranque e de aprendizagem, que se iniciou lentamente”, admite o responsável da Celpa. Ainda assim, “rapidamente a adesão dos proprietários começou a acontecer e foi crescente e bastante expressiva, com milhares de hectares a serem candidatados”.

E quanto às principais dificuldades? Luís Veiga Martins admite que se prendem com “alguns dos principais constrangimentos da floresta em Portugal”. Ou seja, a existência de “áreas de minifúndio”, de “proprietários pouco motivados para o investimento na floresta ou distantes geograficamente dos seus terrenos” e, ainda, com “a escassez crescente de mão-de-obra para executar os serviços previstos no programa – o controlo de matos e a adubação”. Já não falando do “agravamento da situação provocada pela situação de pandemia”.

Apesar de tudo, diz o responsável da Celpa, derivado do “grande empenho” dos parceiros (organizações de produtores florestais, empresas, fornecedores de madeira, grupos de certificação, proprietários e produtores florestais, e a equipa do Projecto Limpa & Aduba), “os objectivos propostos têm sido alcançados”.

Outra grande questão é saber que retorno tira a indústria papeleira do investimento neste Programa Limpa & Aduba. Luís Veiga Martins não quantifica. Tem, contudo, uma certeza: “Do ponto de vista da indústria, o retorno económico traduz-se na produção de mais e melhor madeira proveniente do mercado nacional, podendo dessa forma reduzir as importações de madeira necessárias para a indústria.”

Além disso, “também as áreas florestais beneficiadas ficarão mais resistentes e resilientes aos incêndios florestais, reduzindo o risco de incêndio e o impacto negativo do mesmo”.

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Luís Veiga Martins, secretário-geral da Celpa, assume que, “do ponto de vista da indústria, o retorno económico" deste programa "traduz-se na produção de mais e melhor madeira proveniente do mercado nacional, podendo dessa forma reduzir as importações”. Paulo Ricca

Produtores florestais de Pedrógão elogiam o “Limpa & Aduba”

No âmbito da reportagem sobre Pedrógão Grande e Mação publicada na última semana, o PÚBLICO falou do Programa Limpa & Aduba com o presidente da Apflor – Associação dos Produtores e Proprietários Florestais do Concelho de Pedrógão Grande. A associação agrega 680 produtores florestais com as quotas em dia, mas mais de mil inscritos e tem como área de intervenção, não só o concelho de Pedrógão, mas os municípios limítrofes de Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Sertã, Góis e Pampilhosa da Serra.

Jorge Fernandes revelou que aderiram à parceria com a Celpa com dois projectos. “Na campanha de 2020 temos 42 produtores envolvidos e em 2019 tivemos cerca de 20.”

À entrada da secretaria da associação, um escaparate apresenta vários prospectos dirigidos aos associados, entre eles um especial: Replantar Pedrógão. Nele lê-se que se trata de “um novo programa de apoio à renovação da floresta de eucalipto”, no qual vão sendo explicados os objectivos do programa, a quem se destina – proprietários e produtores de eucalipto –, os contactos para as candidaturas, os critérios de elegibilidade e os apoios disponíveis.

O presidente da Apflor foi taxativo: “É um excelente projecto, que acaba por motivar os produtores”. Jorge Fernandes explica melhor: “Sabe? Isto ardeu tudo nos incêndios e, em condições normais, tínhamos de esperar por um ciclo de dez a doze anos [para os eucaliptos crescerem]; com o adubo, acelera-se a produção.”

Notícia actualizada às 11h50 do dia 15 de Junho, com a rectificação da duração do ciclo do eucalipto, nas declarações de Jorge Fernandes. 

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