Santo António não se acabou, pôs-se em marchas alternativas

Não há as tradicionais marchas nem noivas, arraiais ou bailaricos. Mas a agenda não se esvazia: arcos, músicas, sabores e até casórios fazem as festas populares por outras vias. Aqui ficam oito ideias para celebrar mesmo assim.

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Cena de Enquanto Houver Santo António, espectáculo de teatro de revista criado por Filipe La Féria para a noite de Santo António na RTP RTP

No início de Abril, chegava a notícia do cancelamento das Festas de Lisboa e das suas tradições de rua, incompatíveis com um cenário de distanciamento social. Como tantos outros eventos marcados para este ano, as festas transitaram para 2021 – o que não significa que o Santo António fique em desânimo. 

A criatividade pôs-se em marcha e começaram a surgir alternativas, em modo “fique em casa” ou desconfinando com cautela. Alguns desses eventos, como o Cinema no Estendal, o Festival à Janela ou os concertos num autocarro em Alvalade, acabaram por ser cancelados pelo receio de ajuntamentos que agravassem os números da pandemia na Grande Lisboa. Mas ficaram outros. Escolhemos oito. Para estes, pode avançar com segurança.

 

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A Procissão de Santo António em Lisboa Museu de Lisboa

Siga a procissão (em modo figurado)

Este ano, não sai à rua a tradicional procissão em honra do santo, mas pode ser vista de outra maneira: indo ao encontro de três centenas de peças que a replicam. Concebida para acompanhar as festas populares, A Procissão de Santo António em Lisboa apresenta miniaturas que transferem para barro, formas e cores o cortejo que se cumpre religiosamente a 13 de Junho, desde o século XVIII. Os autores são os Irmãos Baraça, herdeiros do ofício em que a família se fez referência, o artesanato de figurado de Barcelos. A exposição está patente no núcleo Santo António do Museu de Lisboa, perto da Sé, e pode ser vista de terça a domingo, das 11h às 17h (horário temporário), com as devidas distâncias, máscaras e precauções. S.P.

 

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Atum salteado com orégãos, do chef Vítor Sobral (Tasca da Esquina) The Art of Tasting Portugal

Festas populares em brasa, mas em casa

Pode ser sardinha, pimento, caldo verde, broa, chouriço ou caracóis. Se o aroma fizer lembrar festas populares, está a valer como ingrediente para o petisco proposto por um dos restaurantes associados ao Puxar a brasa à nossa… casa!. Trata-se de um desafio lançado aos chefs de um conjunto de estabelecimentos para desenvolverem um prato inspirado nos santos, a ser vendido em take-away, com uma cerveja a combinar. O objectivo é ajudar a alimentar festas caseiras “memoráveis, pelo sabor, pela criatividade, pelo produto nacional”, explica em comunicado o projecto The Art of Tasting Portugal, responsável pela iniciativa. A ementa lisboeta vai do atum salteado com orégãos do chef Vítor Sobral (Tasca da Esquina) aos caracóis com toucinho fumado e bifana em pão caseiro de batata-doce de Miguel Azevedo Peres (Pigmeu), passando pela bôla de sardinha assada com pimento e molho manjerico e orégãos de João Pedro Pedrosa (Ibo) e pelo katsu sando de sardinha de Marlene Vieira. No total, são dez as sugestões para dar sabor ao Santo António lisboeta. O Porto também vai ter a sua versão por altura do São João, entre 22 e 28 de Junho. Mais informações no Facebook e no Instagram dos organizadores. S.P.

 

Filipe La Féria no Teatro Politeama, durante os ensaios de Enquanto Houver Santo António Renato Arroyo
Enquanto Houver Santo António RTP
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Filipe La Féria no Teatro Politeama, durante os ensaios de Enquanto Houver Santo António Renato Arroyo

Santo António de revista? Já marchava

No momento em que o auge do bairrismo alfacinha estaria a desfilar avenida abaixo, não fosse a pandemia, Filipe La Féria e a estação pública homenageiam as marchas populares na televisão, com o espectáculo Enquanto Houver Santo António. Intenção: suprir, de alguma forma, a falta dos arcos, balões e canções nas ruas, naquela que costuma ser a mais longa e concorrida noite de Lisboa. Para trabalhar nesta criação especial, o encenador voltou a pôr o Teatro Politeama a funcionar. Ali se reuniram actores, técnicos, músicos, cabeleireiros. Dali vieram músicas, coreografias, arcos, balões, humor, vendedores de manjericos, noivas e outras personagens ligadas à história das marchas e dos bairros. Simone de Oliveira, Marina Mota, Joaquim Monchique, José Raposo, Alexandra, Lenita Gentil, Maria Armanda, Anabela, Ricardo Ribeiro, Wanda Stuart e muitos outros juntaram-se a uma orquestra de oito músicos, dirigida por Miguel Amorim e Miguel Camilo. Enquanto Houver Santo António não é o único programa da RTP a acertar o passo com a festa. Faz parte de todo um alinhamento preparado pelo canal, que vai para o ar de 11 a 14 de Junho. Os bairros lisboetas mostram-se nos cenários de três comédias clássicas do cinema português: A Canção de Lisboa (quinta, às 15h45), O Pátio das Cantigas (sexta, às 00h45) e O Pai Tirano (domingo, às 15h30). No sábado, ao final da manhã e durante a tarde, Vanessa Oliveira e José Carlos Malato conduzem um especial em directo do Páteo Alfacinha, com música e reportagens do ambiente que se vive por Lisboa – manjericos e sardinhas incluídos. Os horários dos programas, sujeitos a alterações, devem ser confirmados aqui. S.P.

 

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Rua das Pretas: Um Copo de Fado, Dois Copos de Bossa DR

Brinde ao Santo António com (quase) todos em palco

Guitarra afinada, vinho escolhido, público em palco, streaming a postos. Está tudo pronto para o concerto que Pierre Aderne dá no dia de Santo António, 13 de Junho, no Coliseu dos Recreios. Os espectadores estão com ele em palco, em número tão reduzido quanto o distanciamento social aplicável, para recriar os serões do projecto Rua das Pretas – a transição para Lisboa das tertúlias que o músico brasileiro fazia há anos no Rio de Janeiro. Esta sessão é especial por vários motivos: marca a reabertura oficial do Coliseu ao fim de mais de dois meses, conta com Tito Paris e Maria João como convidados e serve para brindar ao Santo António. O espectáculo chama-se Um Copo de Fado, Dois Copos de Bossa e está feito para ser seguido também em versão caseira, através do Zoom. Começa às 21h30, os bilhetes custam 45€ e o vinho está incluído. S.P.

 

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Rui Cunha

Tronos à moda moderna

A tradição remonta à Lisboa pós-terramoto de 1755, onde os peditórios para reconstruir a igreja de Santo António tomavam a forma de altares decorados à porta das casas. Dos pregões que marcavam a vida no bairro às modas das festas alfacinhas, os Tronos de Santo António representam agora a mesma tradição de devoção, cosida com outras linhas: a moedinha para o Santo António deu lugar à exposição e concurso de trabalhos feitos em escadinha. Este ano, à boleia da pandemia, a sexta edição da iniciativa sobe mais um degrau na escala da era moderna. Na impossibilidade de passar pelos altares na rua, à porta das casas, a exposição de tronos é mostrada online e o concurso estende-se a Portugal inteiro. Os três vencedores são conhecidos neste sábado, 13 de Junho, no mesmo dia em que inaugura a exposição digital que reúne todos os trabalhos a concurso, nas plataformas do Museu de Lisboa, Cultura na Rua e EGEACC.A.M.

 

Xaile Arraial Rosários 4
Xaile Arraial Rosários 4
Xaile Arraial Rosários 4
Xaile Arraial Rosários 4
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Xaile Arraial Rosários 4

Num xaile, um arraial

Em 2017, foi Alfama. Seguiram-se Bailarico e Fadista. Este ano, é Arraial o nome do xaile de Santo António criado pela Rosários 4, empresa portuguesa de fabrico e tingimento de fios, em parceria com a designer de malhas Filipa Carneiro. A iniciativa não esgota na apresentação do novo modelo. O objectivo é convocar os fãs do tricô a acertarem agulhas com esta “nova tradição”. No dia 13 de Junho, será disponibilizado no site da empresa (e também no Ravelry, plataforma dedicada a estas lides), o tutorial gratuito para recriar a peça em casa. Depois, pode ir partilhando o avanço do trabalho num grupo de Facebook criado pela marca. Para complementar as instruções em PDF, Filipa Carneiro vai ainda publicar vídeos explicativos no seu YouTube, nos dias 13, 20 e 27 de Junho. S.P.

 

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As sardinhas vencedoras DR

Caça à sardinha, sem espinhas

Em forma de alfinete-de-ama, peixe ou senha de vez. À pesca, de luvas ou com vizinhos à janela. Foram ideias destas que venceram o habitual concurso de desenho que põe a criatividade no peixe-rei das festas populares. Com o devido distanciamento social, vão andar de mão em mão pela capital, como oferta de uma espécie de caça ao tesouro. Basta seguir as pistas deixadas às sextas, ao longo do mês de Junho, no Facebook das Festas de Lisboa. S.P.

 

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A Um Passo do Amor DR

Com a bênção do santo casamenteiro

O AXN Movies adopta a máxima (tão recorrente no confinamento) de fazer a festa no sofá. Como? Aplicando a vocação casamenteira de Santo António à programação de 13 de Junho, com o especial O Grande Sim!. A Um Passo do Amor abre o desfile às 16h20, com Dustin Hoffman e Emma Thompson como protagonistas de um encontro inesperado. A seguir (às 17h53) vem a história de um solteirão convicto e insensível (Matthew McConaughey) que leva uma lição, em As Minhas Adoráveis Ex-Namoradas. O Amigo do Peito (às 19h33) traz comédia a cargo de Josh Gad e Kevin Hart, acerca de um padrinho de casamento “encomendado”. Noiva Procura-se (às 21h15) põe Chris O’Donnell em busca de uma candidata ao altar que lhe possa garantir uma herança de milhões de dólares. O último convite é para O Casamento do Meu Melhor Amigo (às 23h02), a comédia romântica de P.J. Hogan que juntou Julia Roberts, Dermot Mulroney, Cameron Diaz e Rupert Everett em 1997, com direito a nomeação para o Óscar pela banda sonora de James Newton Howard. A 24 de Junho, também o São João terá direito ao seu próprio especial, dedicado aos românticos. S.P.  

 

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