Racismo
#BlackLivesMatter: Débora fez uma versão 3D dos manifestantes de Londres
Na última quarta-feira, 3 de Junho, Londres saiu à rua para protestar contra o racismo sistémico. E Débora Silva saiu também. Mas, em vez de uma faixa de protesto, levou na mão um instrumento de trabalho: o seu telemóvel. Não fez fotografia ou vídeo. “Quis imortalizar este momento histórico através do 3D”, explica a jovem de 25 anos ao P3, via WhatsApp, a partir de Londres, a cidade onde actualmente reside.
Para realizar esta série de retratos digitais, Débora abordou cada um dos retratados e, com ajuda da app que tinha instalada no telemóvel, captou a sua imagem a partir de vários ângulos. Em casa, com ajuda do software Cinema 4D, a “escultora digital” trabalhou as imagens e transformou-as em gifs animados. “Tentei retratar o maior número de manifestantes para mostrar quão diverso era o grupo”, sublinha.
Débora é do Porto, mas estudou Escultura na Faculdade de Belas Artes, em Lisboa. O 3D é, para si, uma alternativa viável à Escultura. “Desta forma, posso ter um estúdio com quilómetros de extensão e criar o que me apetecer”, explica. A cobertura em 3D da manifestação “é uma abordagem contemporânea”, “diferente”. “Queria trazer os manifestantes do mundo real para o mundo digital, que foi onde se organizaram antes de saírem de casa. Cada vez mais, as pessoas existem no universo digital, em vez de no mundo físico, real.” Por isso, Débora retratou-as no mundo físico devolveu-as ao digital.
“No seguimento do projecto, seria interessante criar um site onde as pessoas pudessem fazer upload da própria imagem, do seu próprio scan. Desta forma poderiam ser transformadas em imagens 3D milhares de pessoas.” Quem quisesse participar teria de instalar a app e realizar o envio. “Isso é algo que está na minha mira, só precisava de alguém para desenvolver o site.” Outra possível saída para este projecto seria a “impressão das esculturas” digitais que concebeu. Débora gostaria de tornar físicas estas imagens digitais a três dimensões. Desta forma, a artista devolveria o mundo real aquilo que teria ganho vida no mundo virtual, numa “reinterpretação e materialização interessante” da realidade.