O director da Bon Appétit, Adam Rapoport, demitiu-se na segunda-feira, depois de uma fotografia sua, em que surgia a estereotipar os porto-riquenhos, ter reaparecido online. A imagem em causa tem já 16 anos, mas a antiguidade não o poupou a uma onda de duras críticas, sobretudo depois de um membro da equipa ter denunciado a política de remuneração discriminatória que imperará na revista de gastronomia norte-americana da Conde Nast.

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Segundo vários media, a fotografia foi originalmente publicada na conta de Instagram da mulher de Rapoport, Simone Shubuck, em 2013, e mostra o casal numa festa de Halloween com trajes estereotipados destinados a retratar os porto-riquenhos. O detalhe do gesto que Simone Shubuck faz com a mão esquerda, associado aos supremacistas brancos, também não passou despercebido.

Porém, a conta de Shubuck foi, entretanto, tornada privada. “De um muito mal feito disfarce de Halloween de há 16 anos às minhas falhas enquanto director, não fui exemplo de uma visão inclusiva” na revista, assumiu Rapoport numa publicação no Instagram, entretanto também eliminada. 

A sua demissão veio num momento em que as redacções de todos os órgãos de comunicação social dos Estados Unidos analisam o seu historial em questões como a diversidade, a inclusão e a sensibilidade em relação a negros, ao mesmo tempo que os protestos tomaram as ruas das cidades norte-americanas, após a morte de George Floyd, um homem negro desarmado, por um polícia, no dia 25 de Maio. 

Em reacção à fotografia, a editora da Bon Appétit Sohla El-Waylly denunciou, na segunda-feira nas suas histórias do Instagram, que apenas os editores brancos eram pagos pelas suas participações em vídeos; e que, embora fosse mais experiente, fora contratada por menos dinheiro, escreveu a profissional, que se juntou à Bon Appétit há menos de um ano e é uma presença regular na série de vídeos BA Test Kitchen. “Nenhuma das pessoas de cor é recompensada pela sua participação”, nesses filmes, acusa. Sobre este tema, a Condé Nast ainda não reagiu. 

Demissões nos media

Nos últimos dias, vários editores de jornais e outros meios de grande circulação demitiram-se devido a acusações de discriminação assente numa atitude racista. O editor da página de opinião do New York Times, James Bennet, demitiu-se no domingo após a publicação de um artigo do senador republicano Tom Cotton, em que este advogava o uso de militares para pôr termo aos protestos.

Também o editor principal do Philadelphia Inquirer, Stan Wischnowski, foi levado a demitir-se após vários trabalhadores terem protestado por causa da manchete “Buildings Matter, Too”, uma alusão ao slogan Black Lives Matter, condenando a destruição de propriedades que ocorreu durante alguns protestos. Na segunda-feira, foi a vez da co-fundadora e directora do site Refinery29, Christene Barberich, renunciar ao cargo depois de acusações de a empresa ter uma cultura “tóxica”.