TAP volta a voar para 75% dos destinos em Agosto

Novo plano de voos acrescenta 22 rotas face às que já estavam anunciadas para Julho, das quais 20 envolvem Lisboa e duas o Porto. Frequências em Agosto ainda colocam operação a funcionar a 20% face ao período antes da covid-19.

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Empresa tem sido pressionada para rever recuperação de rotas e frequências que envolvem o Porto Nuno Ferreira Santos

Depois do processo de retoma que começou a ganhar forma este mês, a TAP planeia voar para 68 destinos no mês de Agosto, o que representa cerca de 75% das rotas que assegurava antes do impacto provocado pela covid-19 na empresa e no sector.

Neste momento, há apenas 11 ligações, que devem passar para 46 em Julho - com 246 frequências semanais -, chegando depois às 68 previstas para Agosto - com as frequências a subir para 588, seja pelas novas rotas ou pelo aumento de voos em destinos já recuperados. Olhando para as frequências, ou número de voos, o retrato é mais tímido, com Agosto a representar uma capacidade de operação da ordem dos 20% face ao período antes da covid-19 (com cerca de 3000 voos, garantidos pelas novas aeronaves).

De acordo com os dados divulgados pela companhia aérea, as 22 rotas que ressurgirão em Agosto envolvem, na sua esmagadora maioria, o aeroporto Humberto Delgado, com Lisboa a retomar as ligações directas com Belo Horizonte, Washington, Montreal, Acra/São Tomé, Bissau, Casablanca, Marraquexe, Conakry, Telavive, Dusseldorf, Manchester, Marselha, Munique, Oslo, Praga, Toulouse, Valência, Veneza, Viena e Varsóvia. Já o Porto recupera as ligações directas com Londres e Newark.

A estratégia da TAP surge numa fase em que os seus concorrentes estão também a voltar aos céus, nacionais e internacionais, como é o caso da Ryanair, Easyjet, Wizz, Air France-KLM e Lufthansa, numa fase de retoma (mesmo que tímida) do tráfego aéreo e do turismo a nível europeu. Só entre Março e Abril, a TAP perdeu dois milhões de passageiros.

Por outro lado, a companhia aérea, que está a negociar com o Governo a concessão de ajudas de Estado, tem sido muito pressionada para rever as ligações que envolvem o aeroporto do Porto e a região do Norte do País. Para já, nada mudou no plano para Julho, e o plano para Agosto traz poucas novidades para o Porto, uma vez que passa apenas de duas para quatro ligações internacionais (para Julho estava já previsto retomar a rota para Paris e para o Luxemburgo).

Depois, além do Funchal (que passa de duas frequências em Julho para sete em Agosto), o Porto terá mais voos para Lisboa, passando de 21 frequências em Julho para 35 no mês seguinte (actualmente são apenas três).

Polémica em curso

A estratégia da TAP para os próximos dois meses não é um plano fechado, mas falta ainda saber o que muda, e quando - nomeadamente se vai haver alguma alteração em Julho, como pretendem vários agentes e forças políticas.

A 27 de Maio, o conselho de administração, presidido por Miguel Frasquilho (nomeado pelo Estado), emitiu uma nota onde afirmou que a TAP ia “adicionar e ajustar os planos de rota anunciados para este momento de retoma por forma a procurar ter um serviço ainda melhor e mais próximo a partir de todos os aeroportos nacionais” onde opera.

Ou seja, ia rever a estratégia de rotas e frequências divulgada dias antes, abrangendo Julho, e que foi recebida com uma bateria de críticas que envolveram até o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Quem decide as rotas é a comissão executiva (nomeada pelos privados), liderada por Antonoaldo Neves (que está representado no conselho de administração).

Esta quarta-feira, o conselho de administração da TAP divulgou um novo comunicado onde afirmou que já “reuniu com várias entidades representativas do Porto e do Norte de Portugal” e que está “empenhada em recuperar, tão rapidamente quanto possível, e de forma sustentável, a proporcionalidade da sua oferta no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no conjunto da sua operação, relativamente ao período pré covid-19”.

Um dia depois, foi a vez de um conjunto de organismos ligados ao Norte se juntarem e divulgarem uma carta colectiva dirigida ao presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, com cópia para o primeiro-ministro, António Costa.

Na missiva, os responsáveis do Conselho Regional do Norte, Miguel Alves, da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte, Luís Pedro Martins, da Associação Empresarial de Portugal, Luís Miguel Ribeiro, da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, da AIMMAP, Rafael Campos Pereira, e da Associação de Têxteis de Portugal, Mário Jorge Machado, afirmam lamentar a ausência da reunião do presidente da comissão executiva, Antonoaldo Neves e reclamar a recuperação, desde logo, dos voos entre o Porto e Madrid, Genebra, Barcelona, Bruxelas e Frankfurt (outras existiam, como Porto-Milão).

“A chave”, afirmaram, “é a celeridade e a proporcionalidade do processo, factores dos quais os autarcas, as empresas, as associações e todas as entidades da Região Norte não abdicarão”.

O tema já levou à aprovação de requerimentos do PS e do PSD para a audição de Miguel Frasquilho e de Antonoaldo Neves no Parlamento, mas ainda não há data marcada.

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