Morreu Christo, o artista plástico que embrulhou o Reichstag
O artista plástico de origem búlgara, que ficou conhecido por “embrulhar” monumentos emblemáticos, morreu aos 84 anos de “causas naturais”.
O artista plástico Christo Vladimirov Javacheff, mais conhecido apenas por Christo, morreu este domingo aos 84 anos. Nascido em Gabrova, na Bulgária, em 1935, Christo tornou-se famoso por “embrulhar” monumentos emblemáticos em tecido. Uma das suas obras mais marcantes foi o “embrulho” do Reichstag (Parlamento alemão), em Berlim, exposição que recebeu cerca de cinco milhões de visitantes no Verão de 1995.
Entre 1953 e 1956, Christo estudou pintura, escultura e design na Academia de Belas Artes de Sofia, passando depois por Praga e Viena. Em 1958, estabeleceu-se em Paris e aderiu ao movimento dos “Nouveaux Realistes”. Nesse mesmo ano, começou a embrulhar e empacotar objectos.
A biografia de Christo cruza-se com a dos portugueses René Bertholo, Lourdes Castro, José Escada, Costa Pinheiro, João Vieira e Gonçalo Duarte na aventura parisiense do colectivo KWY, que editou uma revista homónima, entre 1958 e 1964, em Paris.
Foi na capital francesa que Christo teve o primeiro encontro com a sua mulher Jeanne-Claude, com quem partilhou mais do que a data de nascimento (13 de Junho de 1935). Jeanne-Claude e Christo, homem esbelto de cabelos brancos, eram mais do que um casal: eram mestres na arte de transformar os espaços e “embrulhar” monumentos famosos, uma parelha que marcou a arte contemporânea, escreve o Le Monde.
Em 1964, mudaram-se ambos, juntamente com o seu filho Cyril, para Nova Iorque, onde Christo trabalhou como vitrinista. Até que, em 1968, o artista de origem búlgara embrulhou o seu primeiro edifício: a Galeria Berner. Três anos mais tarde, começou o projecto para embrulhar o Reichstag e, em 1983, produziu com a sua esposa Jeanne-Claude o projecto Ilhas Cercadas: sete ilhas ao largo de Miami, Florida, que foram rodeadas por tecido cor-de-rosa de polipropileno. Jeanne-Claude Denat de Guillebon, a sua companheira de vida e co-autora de uma grande parte das suas obras, morreu em Nova Iorque a 18 de Novembro de 2009.
Outra variante do trabalho de Christo é composta pelo bloqueio de um determinado espaço com o recurso a bidões de gasolina — a 27 de Junho de 1962, uma destas “cortinas” bloqueou, durante oito horas, a Rue Visconti, em Paris, impedindo assim a normal circulação rodoviária.
Depois do Reichstag de Berlim, do Central Park de Nova Iorque e da Pont-Neuf (que foi embalada em 1985), estava marcado para 2020 o “embrulho do Arco do Triunfo”, um projecto que foi adiado devido à pandemia de covid-19.
O artista plástico morreu este domingo “de causas naturais” em sua casa em Nova Iorque, revela um comunicado publicado na conta oficial de Christo e Jeanne-Claude no Facebook.
“Christo viveu a sua vida plenamente, não apenas sonhando com o que parecia impossível, mas realizando-o. As obras de Christo e Jeanne-Claude uniram as pessoas com experiências partilhadas em todo o mundo e o seu trabalho vive nos nossos corações e memórias”, refere a nota, que acrescenta que os dois artistas “sempre deixaram claro que as suas obras que estavam em progresso deveriam continuar após a sua morte” e que, atendendo aos desejos de Christo, o projecto de “O Arco do Triunfo embrulhado”, em Paris, continua agendado para 18 de Setembro e 3 de Outubro de 2021.