Fotografia
Estes pais, filhos e irmãos são “a cara chapada” uns dos outros
Quantos de nós são "a cara chapada" do pai, da mãe, do irmão? A avaliação das diferenças e semelhanças entre familiares directos pode ser um exercício sem grande relevância, uma mera curiosidade; mas não para o norte-americano Eric Mueller, que dedicou três anos ao retrato fotográfico de 700 pessoas que são muito parecidas entre si. Family Resemblance Project, editado pela Daylight Books, é um fotolivro que "explora o laço especial existente entre membros das mesma família".
Por ser adoptado, Eric Mueller sempre sentiu fascínio por famílias cujos membros se parecem uns com os outros. "Os meus irmãos também são adoptados e, na minha família, nenhum de nós se parece com ninguém", explica o fotógrafo do Minneapolis ao P3, em entrevista. "Sempre que via familiares que se pareciam entre si, pensava se essa parecença teria algum impacto na relação que mantinham. Será que se amavam mais por isso — por, literalmente, conseguirem rever-se na outra pessoa?"
Eric Mueller nunca conheceu os seus pais biológicos. "Esperei até ter mais de 40 anos para os procurar, em parte por não querer magoar os meus pais adoptivos", justifica. Mas a curiosidade venceu e Eric avançou na sua busca. "Quando descobri quem era a minha mãe adoptiva, ela já tinha falecido." Nunca casou, nunca teve outros filhos. Cheryl não tinha irmãos vivos e os seus pais também já tinham morrido. "Não restava ninguém", com a excepção de uma prima de Cheryl, que enviou a Eric uma carta. "Lá dentro estava uma fotografia da minha mãe", narra. "Foi a primeira vez na minha vida que vi alguém parecido comigo." Eric sente dificuldade em explicar o impacto daquela imagem. "Eu sou tão parecido com ela que a foto teve um efeito regenerador em mim. Ao mesmo tempo, fiquei triste, por nunca ter tido oportunidade de conhecer a mulher que me deu vida."
E foi a partir da recepção da fotografia da sua mãe — que está junto do retrato de Eric, na última imagem desta fotogaleria — que o fotógrafo começou a conceber as bases do Family Resemblance Project. O primeiro passo consistiu em convidar dois dos seus melhores amigos, que são irmãos, para uma sessão fotográfica. "Pedi-lhes que usassem t-shirts brancas e fotografei-os sobre um fundo branco. Queria destacar os seus rostos. Partilhei o resultado no Facebook, com um convite à participação no projecto. E a resposta foi quase imediata." A procura foi tal que Eric teve de criar um sistema automático para inscrições.
O resultado, o fotolivro Family Resemblance: Finding Yourself in Others, contém mais de cem retratos e está dividido em seis capítulos: Mãe/Filha, Pai/Filho, Pais e Filhos, Irmãs, Irmãos e Manos. Contém, também citações que resultaram das pequenas entrevistas que fez a cada grupo de retratados, sobre a forma como a sua aparência afectou as suas vidas e a sua relação.