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O “puto maravilha” quebrou o gelo no regresso da Bundesliga

A retoma do futebol europeu aconteceu na Alemanha, sem abraços ou calor humano. Haaland festejou o primeiro golo pós-pandemia no futebol de elite. Raphael Guerreiro (duas vezes) e André Silva também marcaram.

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Reuters/POOL

Houve distanciamento social nos bancos de suplente, evitaram-se abraços nas celebrações dos golos e imperou um cinzento desolador nas bancadas, o que transmitiu um ambiente gélido para os relvados. Mas, quase 69 dias depois, a bola voltou a rolar nos estádios da principal divisão da Alemanha. Servindo como exemplo e tubo de ensaio para todos os países europeus que mantêm aberta a porta para o regresso da época 2019-20, a Bundesliga mostrou que para o futebol há mais vida para além do covid-19. E, no “novo normal”, há coisas que se mantêm iguais: Erling Haaland fez o primeiro golo da 26.ª jornada e começou a desequilibrar um dos clássicos do futebol alemão – o Borussia Dortmund goleou o Schalke, por 4-0, com um bis de Raphael Guerreiro.

Segundo as previsões de Rummenigge, director executivo da Bundesliga, a retoma do futebol na Alemanha foi vista por cerca de mil milhões de espectadores, mas apesar da criatividade de alguns – houve bonecos à volta do relvado e cânticos de adeptos transmitidos pelos sistema sonoro -, a nova realidade confirmou o que se previa: um jogo de futebol cinzento, frio e insípido.

Na habitualmente cerebral Bundesliga, o revierderby é um dos jogos que mais emoção transmite. Um dos clássicos do futebol alemão, o frente a frente entre Borussia Dortmund e o Schalke 04, equipas de cidades separadas por 32 quilómetros, é, inevitavelmente, sinónimo de lotação esgotada e sangue a ferver nas bancadas entre adeptos assumidamente rivais. Mas o derby do Ruhr foi uma réplica de um qualquer jogo de pré-época, realizado à porta fechada para esconder os segredos da concorrência.

Se nos bancos houve novidades – houve “distânciamento social” entre suplente -, dentro do relvado o futebol continuou a ser o mesmo. E, confirmando que há coisas que não mudam, o gelo no regresso da Bundesliga foi quebrado pelo “puto maravilha” do futebol europeu.

Com os cinco primeiros jogos a decorrerem em simultâneo, foi preciso esperar 28 minutos para assistir ao primeiro festejo pós-pandemia e Haaland mostrou que continua a ser um dos mais temíveis ponta-de-lança da actualidade: com um desvio subtil, o norueguês, de 19 anos, bateu Schubert pela primeira vez e começou a desequilibrar o derby.

O que se seguiu, no entanto, foi uma anormalidade: após marcar, Haaland correu para a bandeirola de canto, mas cumprindo as “regras”, os colegas de equipa mantiveram a distância para o norueguês. Habituado a outro tipo de celebrações, Radamel Falcao deixou a sua indignação no Twitter: “Vendo o regresso do futebol, pergunto-me: Existirá uma razão técnica para que não se permitam os abraços nos golos? Durante todo o jogo estamos em constante contacto. Nos cantos os defesas estão em cima de ti. Nas barreiras, estão todos juntos.”

Peculiaridades do “novo” futebol à parte, o resto da partida mostrou um Borussia com mais ritmo e, sem surpresa, a equipa de Dortmund construiu uma goleada tão normal quanto merecida.

Mas se os golos de Haaland (foi o 10.º em nove jogos no campeonato alemão) ou de Thorgan Hazard já não são novidade (o belga tinha marcado em Março, na jornada anterior), a notícia em Dortmund teve sotaque português: com um inesperado bis, Raphael Guerreiro assumiu o protagonismo e foi considerado no final o melhor jogador em campo.

Nas restantes partidas da 26.ª jornada da Bundesliga realizadas neste sábado, houve outro golo português, mas André Silva não evitou a derrota do Eintracht em Frankfurt frente ao Mönchengladbach (1-3) - Gonçalo Paciência está lesionado. O Wolsburgo (2-1 em Augsburgo) e o Hertha (3-0 no campo do Hoffenheim) também ganharam fora. As outras partidas, terminaram empatadas: Fortuna Dusseldorf-Paderborn (0-0) e RB Leipzig-Friburgo (1-1).

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