EUA registam 36 milhões de pedidos de subsídio de desemprego em 2 meses

Persistem as dificuldades no mercado de trabalho da maior economia do mundo. Pedidos semanais de subsídio de desemprego surpreenderam analistas pela negativa

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Centro de emprego em New Orleans, nos EUA Reuters/Carlos Barria

Apesar de ter registado a sexta descida consecutiva, o número de pedidos de subsídio de desemprego nos EUA durante a semana terminada no dia 9 de Maio voltou a surpreender os analistas pela negativa, revelando que o choque trazido pela pandemia ao mercado de trabalho norte-americano ainda está para durar.

Durante a semana passada, mostram os números divulgados esta quinta-feira pelo Departamento do Trabalho dos EUA, foram feitos 2,98 milhões de novos pedidos de desemprego. É um valor que fica ligeiramente abaixo dos 3,17 milhões registados na semana anterior, mas ficam acima dos 2,5 milhões que eram esperados, em média, pelos analistas inquiridos pela Reuters antes da divulgação dos dados.

Nos últimos dois meses - desde que a semana terminada a 21 de Março iniciou um novo recorde semanal de apresentação de pedidos de subsídio de desemprego nos EUA -, mais de 36 milhões de norte-americanos solicitaram novos apoios como desempregados.

O pico de novos pedidos aconteceu na semana terminada a 28 de Março, quando, no momento em que vários negócios foram obrigados a fechar, quase 7 milhões de norte-americanos decidiram aproveitar o facto de o acesso a benefícios de desemprego ter sido tornado mais simples.

Agora, numa altura em que começam a ser reatadas algumas actividades, a persistência de números tão elevados de novos pedidos surpreende. Uma das explicações dadas pelos analistas reside no facto de, nesta fase, se estar a verificar um alargamento das dificuldades a sectores que numa fase inicial tinham podido manter as suas portas abertas. Outro factor importante está na existência de atrasos administrativos significativos em diversos Estados, que não estavam preparados para a inundação de pedidos verificada.

Na semana passada ficou a saber-se que, em Abril, a taxa de desemprego nos EUA disparou de 3,5% para 14,7%, com a economia a perder 20,5 milhões de empregos. Este é o valor mais alto desde a Grande Depressão dos anos 30 do século passado e mesmo o máximo registado nessa época poderá não estar a salvo.

Na quarta-feira, o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell alertou que os EUA iriam atravessar um “período longo” de crescimento fraco e estagnação no nível de rendimentos das famílias, defendendo que seria necessário tomas mais medidas, especialmente ao nível da política orçamental.

Os EUA é um dos países do mundo onde o aumento do desemprego durante a presente crise está a ser mais abrupto. Em comparação com a generalidade dos países europeus isso deve-se à particularidade de os EUA não terem colocado em prática medidas semelhantes às do layoff praticado em Portugal, que permite que, com o apoio do Estado e uma redução do rendimento do trabalhador, as empresas consigam manter os postos de trabalho enquanto esperam por uma normalização da sua actividade.

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