Portugal condecorou chefe da secreta britânica que travou regresso de combatentes da Síria

Grã Cruz da Ordem de Mérito foi atribuída pela colaboração do MI5 na detecção de células jihadistas de portugueses ou lusodescentes.

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Andrew Parker Reuters

A 30 de Janeiro de 2018, Portugal atribuiu a Grã Cruz da Ordem do Mérito a Andrew Parker, director do MI 5, o serviço de informações e segurança interna britânico. Parker esteve há semanas em evidência pela detenção de um dos mais procurados jihadistas que regressava dos combates na Síria à Europa.

É comum, ainda que muitas vezes passe desapercebida, a condecoração de responsáveis dos serviços de informação por Estados com quem aqueles cooperaram. No caso de Andrew Parker, a concessão da Ordem do Mérito pela Presidência da República tem tudo a ver com a colaboração da secreta do Reino Unido no combate a células jihadistas.

Estes grupos, constituídos por cidadãos portugueses ou lusodescendentes, com activistas originários da zona de Sintra, foram “acompanhados” nas suas diligências de Londres para Lisboa a caminho de se tornarem combatentes estrangeiros nas fileiras do autoproclamado Estado Islâmico. Em Portugal, a cooperação internacional permitiu detectar o recrutamento de alguns jovens.

Há precisamente uma semana, em 21 de Abril, foi divulgada a prisão, em Almería, no sul de Espanha, de Abdel Majed Abdel Bary, de nacionalidades britânica e egípcia. Abdel, considerado pelos investigadores ocidentais como um dos mais sanguinários na guerra da Síria, era um dos jihadistas mais procurados.

Os serviços de informação ocidentais procuravam-no insistentemente, por não haver notícias ou provas da sua morte em combate, e temiam que tentasse regressar à Europa. Foi isso que o jovem fez, tendo chegado a Almería oriundo de um país não especificado do Norte de África.

A sua detenção, numa casa alugada daquela cidade espanhola, juntamente com outros dois homens, ficou a dever-se a uma cooperação do MI5 com o Centro Nacional de Informação de Espanha e a Comissaria Geral de Informações da Polícia Nacional espanhola.

Os investigadores procuram, agora, novas pistas. Qual era o destino deste trio na Europa e quais os seus propósitos, são as duas questões essenciais para apurar da existência de células jihadistas que poderiam ser activadas para cometer atentados.

Do mesmo modo, os serviços de informação querem identificar o modus operandi dos denominados combatentes estrangeiros no seu regresso à Europa, nomeadamente a rota ou rotas utilizadas, bem como se dispõem de apoios logísticos depois de cruzarem o estreito de Gibraltar.

Andrew Parker continua à frente do MI5 até esta quinta-feira, pois a partir de Maio é substituído à frente da secreta por Ken McCallum, que já foi nomeado como novo director-geral.

McCalum iniciou a sua carreira na Irlanda do Norte, pouco antes do início do processo de paz, trabalhou na área do ciberterrorismo e em 2012 dirigiu toda a operação de segurança aos Jogos Olímpicos de Londres. 

A partir de 2017, dirigiu a resposta britânica à vaga de atentados de jihadistas ou de lobos solitários. Esteve à frente das investigações sobre grupos de extrema-direita e dirigiu a equipa que investigou a tentativa de assassinato, em solo britânico, do ex-espião russo Sergei Skripal e da sua filha. 

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