Pelo menos 16 pessoas com covid-19 em hostel de Lisboa

Bombeiros falam em 20, proprietário diz que são 16. Hostel esteve a ser evacuado durante esta sexta-feira depois de testes feitos durante a semana.

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MIGUEL MANSO
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Foram detectados pelo menos mais 16 casos de covid-19 entre requerentes de asilo alojados em hostels da Av. Almirante Reis, em Lisboa. Os bombeiros estiveram esta sexta-feira à tarde a retirar as pessoas infectadas, que foram transportadas para a Mesquita Central de Lisboa. Pelo menos outras 30 pessoas, com testes negativos, foram levadas para uma pousada da juventude.

O chefe dos bombeiros disse aos jornalistas no local que havia 20 casos positivos no Turkish Style Hostel, mas o gerente do estabelecimento desmente e diz que 16 hóspedes dos seus três hostels nas redondezas têm covid-19. Garante ainda que 36 pessoas foram para isolamento na pousada e não as 30 indicadas pelos bombeiros. O PÚBLICO contactou a Câmara de Lisboa, que coordenou a operação dos bombeiros e o Conselho Português para os Refugiados para obter números correctos, mas não obteve resposta. O vice-presidente da Comunidade Islâmica diz que foram reencaminhadas 16 pessoas para a mesquita. 

Segundo o gerente Abdul Kadir, as autoridades de saúde estiveram na terça e na quarta-feira a testar os 98 requerentes de asilo que estão alojados nos seus três hostels, um dos quais o Turkish Style, onde se concentrou a operação desta sexta. Desde meados de Novembro que o empresário, que gere as pensões com a mulher, tem um protocolo com o Conselho Português de Refugiados para acolher requerentes de asilo que ainda não tenham o seu estatuto regularizado.

Estas são algumas das mais de 900 pessoas que pediram asilo a Portugal e que estão alojadas em hostels, quartos e apartamentos em Lisboa por falta de capacidade de acomodação nos centros de acolhimento temporários. Há duas semanas, um outro hostel, o Aykibom na Rua Morais Soares, foi evacuado quando se descobriu um caso positivo de covid-19. Seriam depois confirmados 136 casos e as pessoas foram transferidas para a Base Aérea da Ota.

Depois desse episódio, o Ministério da Administração Interna (MAI), que tutela o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), ordenou a realização de testes a todos os requerentes de asilo albergados nos hostels lisboetas. A evacuação desta sexta inseriu-se neste plano.

Ainda segundo Abdul Kadir, as 36 pessoas levadas para a pousada da juventude para cumprir isolamento preventivo foram as que tiveram contacto directo com as infectadas ou as que partilhavam o mesmo piso. Outras pessoas continuam no hostel, embora o gerente não tenha sabido precisar quantas.

O empresário fez questão de mostrar ao PÚBLICO a cozinha, uma sala comum e um dos quartos do Turkish Style Hostel para garantir que “aqui não há sobrelotação”. Abdul Kadir diz que o Conselho Português para os Refugiados faz “visitas regulares” para se assegurar das condições de habitabilidade e salubridade da pensão e que apenas três quartos têm capacidade para oito pessoas, enquanto os restantes 14 albergam duas ou três.

“Nós não permitimos visitas cá dentro, mas eles saíam muito e iam a outros hostels porque têm lá amigos”, adianta o gerente.

Há duas semanas, aquando do caso do Aykibom, todas as entidades – câmara municipal, junta de freguesia, MAI e SEF – descartaram responsabilidades sobre o assunto. Continua sem se saber qual o número exacto de hostels usados para este fim.

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