Covid-19: Portugal regista mais 25 mortos. Casos sobem 0,8%

Sabe-se que a taxa de letalidade global da doença chega aos 4% e que 93% das mortes por covid-19 em Portugal ocorreram em meio hospitalar, 4% em lares e 3% em domicílio. O número de pessoas dadas como curadas face a terça-feira aumentou: são agora 1470, mais 81 do que na terça-feira.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Até esta quarta-feira, contavam-se em Portugal 973 mortos de covid-19 — mais 25 do que na terça-feira, o equivalente a uma taxa de crescimento de 2,6%. Estes dados foram divulgados esta quarta-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde. Ao longo da conferência de imprensa diária, Graça Freitas avançou que, neste momento, 93% das mortes por covid-19 em Portugal ocorreram em meio hospitalar, 4% em lares e 3% em domicílio.

Desde o início do surto já se identificaram 24.505​​ casos positivos. Desses, 183 foram identificados nas últimas 24 horas, o que corresponde a um aumento de 0,8% face aos números de terça-feira. O número de pessoas dadas como curadas também aumentou: são agora 1470, mais 81 do que na terça-feira.

Sabe-se ainda que estão 980​ pessoas internadas, 169​ em unidades de cuidados intensivos. Estão em cuidado domiciliário pelo menos 86% dos casos positivos, afirmou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa desta quarta-feira. De acordo com o secretário de Estado da Saúde, o Serviço Nacional de Saúde tem um “parque global” de cerca de 21 mil camas, 11 mil de especialidades médicas e 9 mil de especialidades cirúrgicas.

A região norte continua a ser a mais afectada pela pandemia em Portugal: registou desde o início de Março 14.715 infectados e 556 mortos.​ A segunda região mais afectada é a de Lisboa e Vale do Tejo, com 5695 casos confirmados e 195 vítimas. No extremo oposto encontram-se as regiões do Alentejo e regiões autónomas dos Açores e Madeira. Nos Açores há 125 casos positivos e 12 mortos. No Alentejo há 214 casos positivos e um morto. A Madeira soma 86 casos confirmados e sem mortos a registar.

Apesar de ser na região norte que se concentram a maioria dos casos positivos, quando se olha para a informação disponível por concelho percebe-se que é Lisboa que soma mais casos: 1447. Vila Nova de Gaia ultrapassou o Porto em número de casos e é o segundo concelho do país em número de casos. São 1322 diagnósticos positivos em Vila Nova de Gaia e 1187 no Porto. Os dados apresentados pela DGS por concelho referem-se a 84% dos casos confirmados, notificados através do sistema SINAVE.

No que toca a idades, sabe-se que, dos 973 mortos registados desde o início da pandemia, 849 tinham mais de 70 anos. De facto e como se soube na conferência de imprensa diária, a taxa de letalidade é maior entre os idosos. De acordo com o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, a taxa de letalidade global em Portugal é de 4% e acima dos 70 anos sobe para 14,1%.

Graça Freitas explicou, durante a conferência de imprensa desta quarta-feira, que existem pessoas, que não são doentes, mas que são contacto próximo de pessoas que estão infectadas e que estão em vigilância activa pelas autoridades de saúde para ver se desenvolvem ou não sintomas. “É aconselhado a estas pessoas permanecer em domicílio e quem faz esta vigilância são as autoridades de saúde e há aqui um papel muito importante das forças de segurança, nomeadamente da PSP e da GNR que têm uma relevância grande sobretudo nas pessoas que não cumprem o dever de ficar confinadas para protecção da saúde pública”, explicou a Directora-Geral da Saúde.

Há mecanismos em curso para fazer a reprogramação dos serviços de saúde​

“Continuamos a ter uma responsabilidade acrescida em não sobrecarregar o Serviço Nacional de Saúde para que ele continue a dar resposta às exigências da covid-19, mas também a responder às outras doenças”, afirmou António Lacerda Sales durante a conferência de imprensa, apelando à utilização dos serviços disponíveis com ponderação.

“O SNS24 continua a ser a porta de entrada de excelência no Serviço Nacional de Saúde e serve não só para doentes com suspeita de covid-19, mas também para outros que possam ter dúvidas sobre se devem ou não recorrer às unidades de saúde. Neste momento o SNS24 atende cerca de 7 mil chamadas por dia e tem um tempo de espera para atendimento de menos de meio minuto”, referiu António Lacerda Sales.

António Lacerda Sales garantiu que os serviços de saúde não continuam parados e que existem mecanismos em curso que permitem fazer a reprogramação desta actividade. “Houve de facto uma diminuição transversal às diferentes áreas da questão assistencial programada, à excepção das consultas médicas presenciais nos centros de saúde e também dos doentes operados muito prioritários que subiram cerca de 5%”, disse o secretário de Estado da Saúde, reconhecendo, no entanto, que esta actividade precisa de ser “recuperada” e que precisa de existir uma estratégia para essa recuperação que será feita de forma “gradual, progressiva e controlada” e priorizando situações de maior risco clínico como os doentes oncológicos ou com patologias crónicas. 

“Obviamente que podemos ter que recorrer, e se não existir capacidade do Serviço Nacional de Saúde, a uma realização de programas adicionais e incrementar muitas das situações com que temos aprendido neste momento, como resposta de telesaúde, reagendamentos ou atendimentos fora dos dias de semana”, exemplificou António Lacerda Sales, calendário que será anunciado por Marta Temido, ministra da Saúde, em “altura oportuna”.

Governo preocupado com violência doméstica

António Lacerda Sales disse ainda que outra das preocupações do Governo tem sido garantir que os cidadãos mais vulneráveis estão protegidos, grupo onde se incluem as vítimas de violência doméstica. “A violência doméstica afecta milhares de pessoas e não pode ficar esquecida em tempos de pandemia. Desde o início de Março, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, em parceria com o Ministério da Saúde através do INEM, pôs em marcha um plano contingência, de prevenção e combate, à violência doméstica no contexto de covid-19”, afirmou António Lacerda Sales, dizendo ainda que as redes de casas de abrigo e de acolhimento têm estado em funcionamento e que foram contratualizadas mais duas casas de acolhimento que correspondem a mais 100 vagas. “Desde 6 a 27 de Abril, estas casas já acolheram 50 vítimas”, disse.

Ao contrário de outros países, Portugal não regista um aumento de participações por violência doméstica durante a pandemia. “As forças de segurança, GNR e PSP, registaram um decréscimo e participação em 39% face ao mesmo período do ano passado o que nos compromete ainda mais na urgência de dar outras respostas”, garantiu.

Na terça-feira, registavam-se em Portugal 948 mortos por covid-19, 24.322 casos de infecção e 1389 casos recuperados.

Em todo o mundo já há mais de 3 milhões de casos positivos de infecção, de acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins (EUA). Já morreram mais de 217.569 pessoas, mas 935.646 pessoas já conseguiram recuperar da doença desde o início do surto. Só nos EUA há mais de um milhão de infectados.

A Europa é um dos continentes mais afectados. De acordo com os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), o “velho continente” tem 1.252.601 de casos. Espanha é o país europeu que reporta mais casos positivos, seguida de Itália, Reino Unido, Alemanha e França.

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