Covid-19: A saída do confinamento em Espanha vai durar dois meses
O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, revelou o plano para tirar o país de casa, a partir de 4 de Maio, após o trauma de mais de 23 mil mortes.
O Governo espanhol optou por um caminho diferente do resto da Europa e, em vez de apontar datas concretas, delineou um plano de desconfinamento de quatro fases para os próximos dois meses. Vai começar a 4 de Maio, com o estado de emergência a ser prolongado por mais 15 dias, para lá de 9 de Maio, anunciou esta segunda-feira o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
“O desconfinamento será gradual, assimétrico e coordenado. Vamos fazê-lo por fases, a unidade será a província ou a ilha. Não haverá mobilidade entre províncias e ilhas”, disse presidente do Governo, depois da reunião do Conselho de Ministros em que foram acertados os últimos pormenores. “Se tivermos que escolher entre a prudência e o risco, vamos escolher a prudência. Estamos a fazê-lo sem GPS, este plano é flexível. Podemos perder o que alcançámos, o vírus ainda cá está, à espreita, até termos uma vacina”.
O Governo espera que a última fase da estratégia, denominada “Plano de Transição para a Nova Normalidade”, esteja concluída no final de Junho, estipulando uma janela total de seis a oito semanas. A passagem das fases será analisada entre o Governo central e os executivos autonómicos, província a província, a cada duas semanas e o território nacional avançará a várias velocidades, conforme os números de infecções e saturação dos cuidados de saúde.
As autoridades espanholas registaram esta terça-feira o menor número de infecções (1308) desde o início do estado de emergência, há um mês e meio, e o número de mortos voltou a descer (301), menos 30 face a segunda-feira, num total de 23.822 óbitos em 210 mil infectados. Além disso, seis comunidades não registaram entradas de pacientes nos cuidados intensivos.
“Mantém-se a tendência muito favorável dos últimos dias. Os casos estão a diminuir muito depressa, como esperávamos. As diferentes actividades dos últimos dias, como os passeios das crianças, em breve o dos adultos, as actividades desportivas, não devem em princípio ter um impacto na epidemia, mas podem ter, então temos de ser muito cuidadosos”, disse Fernando Símon, director do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências de Saúde.
Tudo começa nas ilhas
A precaução é uma das palavras de ordem e, como pontapé de saída, os cidadãos adultos poderão sair de casa já este sábado para passear, depois de no domingo as crianças o terem passado a poder fazer. A medida está a ser encarada como barómetro para o avançar das fases, dado que a fase zero, a de preparação para o desconfinamento, vai começar a 4 de Maio.
As ilhas La Graciosa, El Hierro e La Gomera, nas Canárias, e a de Formentera, nas Ilhas Baleares, vão abrir o caminho entrando na primeira fase já a 4 de Maio, esperando-se que o restante território lhes siga os passos a 11 de Maio.
Na primeira fase, o comércio local vai abrir e terá horários especiais para idosos e pessoas com outras doenças, enquanto os bares e restaurantes com terraços vão ter um limite de ocupação de 30%. Os hotéis e os alojamentos locais também vão reabrir, enquanto as suas áreas comuns se manterão encerradas, e os locais de culto poderão acolher um terço de crentes. Os treinos de equipas profissionais serão retomados e a Liga Espanhola vai regressar depois de Junho.
Na segunda, cinemas, teatros e auditórios vão abrir com limites de um terço e os restaurantes vão poder usufruir dos seus espaços interiores com lotação de um terço. Os centros de apoio ao estudo vão receber crianças com menos de seis anos e que tenham os pais a trabalhar fora de casa - as escolas apenas vão reabrir em Setembro.
E, por fim, na terceira fase, até ao final de Junho, a mobilidade geral será mais flexível e mantém-se a “forte recomendação” de uso de máscara em todos os espaços públicos. Na frente comercial, todos os estabelecimentos estarão de portas abertas e com uma lotação máxima de 50%.