Covid-19: há mais 25 mortes em Portugal. Crescimento de novos casos é de 0,7%, o mais baixo desde início do surto
Há menos de mil pessoas internadas em Portugal e 176 estão em cuidados intensivos – 57% da capacidade de unidades de cuidados intensivos está ocupada. Pelo mundo, há quase três milhões de pessoas que foram infectadas pelo vírus SARS-CoV-2 desde que foi identificado em Dezembro, na China.
Portugal registou até esta segunda-feira um total de 928 mortes (mais 25 do que no domingo) e um total de 24.027 infectados (mais 163 do que no domingo), o que corresponde a um aumento de 0,7% nos novos casos, o valor mais baixo desde o início do surto em Portugal. Há 995 pessoas internadas (menos dez do que no domingo) e 176 em unidades de cuidados intensivos (menos seis do que no dia anterior). Recuperaram da doença 1357 pessoas.
Os dados foram divulgados esta segunda-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde, que actualiza os números diariamente. Antes, a taxa de crescimento mais baixa tinha sido registada a 17 de Abril, quando houve um crescimento de novos casos de infecção de 1%.
O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, explicou, em conferência de imprensa esta segunda-feira, que “a taxa de letalidade global é de 3,9% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 13,8%”. Há 86,3% das pessoas infectadas a serem tratadas em casa. A percentagem de pessoas internadas é 4,1%, sendo que 0,7% estão em unidades de cuidados intensivos e 3,4% em enfermaria, explicou ainda.
O secretário de Estado da Saúde adiantou que 57% da capacidade das unidades de cuidados intensivos está neste momento ocupada. “É muito importante que o SNS [Sistema Nacional de Saúde] continue a dar resposta às necessidades”, asseverou.
A região Norte é a mais afectada pelo vírus: há quase 15 mil casos confirmados de infecção e 536 mortes. A região de Lisboa e Vale do Tejo tem 5556 casos de infecção e 179 mortes; no Centro, há 3252 casos e 191 mortes. O Alentejo tem uma única morte e 189 pessoas infectadas e o Algarve tem 328 casos e 12 mortes. Nas ilhas, os Açores contam nove mortes e 120 casos confirmados e a Madeira é a única região do país sem mortes registadas (e tem 86 casos de infecção).
Ainda que a região Norte seja a mais afectada, o concelho de Lisboa é aquele que contabiliza mais casos: são 1413. Segue-se Vila Nova de Gaia com 1263 pessoas infectadas e o concelho do Porto, com 1211 casos. Estes dados por concelho podem ser superiores aos que aparecem mencionados no relatório, já que são aqueles registados no sistema clínico SINAVE, correspondente a 84% dos casos confirmados.
Segunda vaga de infecções?
Questionado quanto ao planeamento de suavização das restrições, António Lacerda Sales garante que o Serviço Nacional de Saúde está a ser preparado para ter de responder a uma eventual segunda vaga do vírus, enquanto retoma a actividade que foi interrompida nas últimas semanas.
“O SNS está em permanente adequação, daquele que é um processo dinâmico. Temos de responder na base da proporcionalidade. Estamos a fazer programação de consultas, atendimentos, horários, exames, mas há, de facto, uma necessidade de recuperar a actividade assistencial que durante este tempo e, dado o foco na covid-19, foi ficando para trás. Não podemos descurar uma potencial segunda vaga e o SNS está a adaptar-se em pista dupla para responder às duas situações: à actividade programada e à possibilidade de poder aparecer uma segunda ‘onda’”, detalhou o secretário de Estado da Saúde.
António Lacerda Sales revelou ainda que o país vai receber quase oito milhões de máscaras. Serão também entregues quatro milhões de respiradores e o secretário de Estado da Saúde aproveitou para elogiar os esforços feitos pelas empresas portuguesas na produção destes materiais de equipamento.
E falou também nos testes feitos a cerca de uma centena de migrantes durante o fim-de-semana. “Os primeiros 33 resultados de sábado foram negativos e aguardamos os restantes. O princípio era e será sempre o mesmo: quando há condições de manter as pessoas nos locais de origem em isolamento, devem permanecer nesses locais. Só em condições de sobrelotação serão procuradas outras soluções.”
A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, comentou na conferência de imprensa a alteração da norma que ditava que eram necessários dois testes negativos para que uma pessoa fosse dada como recuperada. Agora, em alguns casos acompanhados através do domicílio, basta um teste negativo, mas Graça Freitas garante que a alteração não está relacionada com uma eventual escassez de testes no país, adiantando que em certos países apenas se esperam o desaparecimento dos sintomas.
“Aqueles doentes que têm sintomatologia muito ligeira, obviamente que a decisão de fazer apenas um teste foi feita com base nos artigos científicos que têm sido publicadas e consulta de alguns peritos. Não tem rigorosamente nada a ver com a disponibilidade de testes, mas sim com estudos que indicam que o número partículas virais que se encontram na orofaringe e nasofaringe destes doentes muitos ligeiros é, não só muito pequena quando se faz o teste, como também não apresenta evidência de que se replique. Volto a dizer que quem está em protocolo de fazer os dois testes poderá continuar a fazê-lo e iremos acompanhar como sempre a evidência que formos sabendo sobre a doença. Que fique claro que não há restrição ao número de testes que temos a fazer”, explicou Graça Freitas.
Até domingo tinha sido registado um total de 903 mortes e 23.864 casos confirmados – mais 472 casos, o equivalente a um aumento de 2% em relação aos números de sábado. Portugal está em estado de emergência até dia 2 de Maio e o Governo deverá adoptar o estado de calamidade em todo o país. A partir dessa data, a estratégia do Governo assenta em abrir a economia e a sociedade de forma progressiva e monitorizada, controlando os lares e garantindo que há bastante material de protecção, como máscaras e luvas. O pequeno comércio abre a 4 de Maio, o grande a 1 de Junho, apurou o PÚBLICO.
Por todo o mundo, há quase três milhões de pessoas que foram infectadas com o vírus SARS-CoV-2 – 206 mil pessoas morreram e há mais de 860 mil que recuperaram da doença. Este número corresponde aos casos oficiais comunicados pelas autoridades de saúde de cada país e é provável que o número real de pessoas infectadas seja maior, não só por haver pessoas assintomáticas (que têm o vírus e podem transmiti-lo), mas também por haver subnotificação dos casos de infecção, havendo pessoas infectadas que não entram para as contagens oficiais. Os Estados Unidos são o país mais afectado pela pandemia e têm o maior número de mortes (cerca de 55 mil mortes) e infectados (há quase um milhão).