Covid-19: Nova Zelândia declara eliminação do novo coronavírus, “por agora”
País vai aligeirar as restrições à economia a partir de terça-feira, mas admite regressar ao alerta máximo se a situação se alterar. “Eliminação não é erradicação”, avisa o Governo.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, declarou a “eliminação” do novo coronavírus no país, esta segunda-feira, a poucas horas da reabertura de alguns sectores do comércio e serviços, embora ainda com fortes restrições.
Numa conferência de imprensa, Ardern sublinhou que o termo “eliminação” não significa que o vírus tenha sido erradicado, mas sim que o número de casos diários desceu para menos de dez nos últimos dias e que as autoridades conhecem a origem de todos. “Conseguimos. Todos juntos, conseguimos”, disse a primeira-ministra neozelandesa, ao lado do director-geral de Saúde, Ashley Bloomfield.
“A eliminação significa que podemos chegar aos zero casos, mas que depois disso podemos assistir ao surgimento de um pequeno número de casos”, disse Jacinda Ardern. “Isso não significa que falhámos, significa apenas que vamos poder manter a nossa política de tolerância zero e gerir esses novos casos de uma forma agressiva para os mantermos controlados.”
Questionada sobre o grau de confiança que tem na eliminação do novo coronavírus, Ardern disse apenas que é essa a situação no país “por agora”.
Ao fim de oito dias com menos de dez casos diários de infecção, a Nova Zelândia registou no domingo cinco novos casos e uma morte, de uma mulher “na casa dos 90 anos”, diz o jornal New Zealand Herald. É a 19.ª morte registada no país, num total de 1469 casos.
O director-geral de Saúde, Ashley Bloomfield, disse estar “confiante” no sucesso da passagem da Nova Zelândia do nível de alerta 4 (o mais restritivo) para o nível 3, a partir de terça-feira.
Isso significa que algumas lojas, principalmente pequenos negócios, vão poder ser reabertas se garantirem o distanciamento social entre os seus clientes e outras regras de segurança. Algumas actividades sociais ao ar livre vão também ser aligeiradas, mas a ideia não é o regresso à normalidade de antes da pandemia: “Vamos reabrir a economia, mas não vamos abrir as vidas sociais das pessoas”, disse a primeira-ministra da Nova Zelândia, apelando às pessoas que continuem a trabalhar a partir de casa se puderem.
Esta nova fase vai ser reavaliada dentro de duas semanas, para que mais áreas da economia e da vida social possam ser reabertas, mas o Governo não afasta a possibilidade de prolongar o nível de alerta 3 ou mesmo regressar ao nível de alerta máximo.
“Só podemos fazer isto se continuarmos unidos. Se tivermos de ficar no nível 3 durante mais tempo, é isso que faremos”, disse Jacinda Ardern.
Tal como acontece um pouco por todo o mundo, incluindo em Portugal, o Governo neozelandês admite disponibilizar aos cidadãos uma aplicação para smartphones e tablets, de instalação voluntária, para acompanhar os movimentos e alertar pessoas que tenham contactado com doentes infectados com o novo coronavírus.
Mas Jacinda Ardern sublinhou que as autoridades não vão apoiar-se nessa aplicação para tomar medidas – para além de ser de instalação voluntária, a aplicação só terá resultados fiáveis se for usada por um número suficiente de pessoas, o que não pode ser garantido à partida.
“Esse sistema tem fragilidades”, disse a primeira-ministra da Nova Zelândia. “Tem as suas limitações e não podemos pôr todos os ovos no mesmo cesto.”