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Cientistas portugueses já asseguraram 20 mil testes de diagnóstico à covid-19

Por agora, dez instituições científicas participam na realização de testes de detecção do vírus e outras 12 estão a preparar-se para o fazer.

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Investigadores da Universidade de Aveiro durante os trabalhos com testes de rastreio à covid-19 PAULO NOVAIS/LUSA

A partir de meados de Março, os cientistas portugueses começaram a juntar-se para fazerem nos seus laboratórios, dedicados à investigação científica, testes de diagnóstico à covid-19, contribuindo assim para aumentar a capacidade do país de rastreio à infecção. Desde 30 de Março até 22 de Abril, dez instituições científicas envolvidas nesse esforço asseguraram um total de quase 20 mil testes (19.814), segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

A ideia começou com um movimento espontâneo em vários institutos de investigação, que a certa altura decidiram unir-se para aumentar o número diário de testes de diagnóstico. O Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa teve a ideia de criar uma receita própria para um kit de diagnóstico, a partir de um protocolo desenvolvido para o novo coronavírus SARS-CoV-2 pelos Centros para Controlo e Prevenção das Doenças dos Estados Unidos. Usando reagentes fabricados em Portugal, o kit do IMM foi certificado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), o laboratório de referência no país para os testes, e está agora a ser aplicado no terreno por uma rede de investigadores pelo país.

A 30 de Março, o IMM dava então o pontapé de saída com a aplicação dos testes no terreno e, ao longo de Abril, através de protocolos estabelecidos com as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, foi-se seguindo a entrada em acção de outras nove instituições: Universidade de Coimbra; Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve (ABC); Universidade do Minho; Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto; Centro de Estudos de Doenças Crónicas (Cedoc) da Universidade Nova de Lisboa; Fundação Champalimaud; Universidade de Aveiro; Universidade de Évora; e Instituto Gulbenkian da Ciência.

Muitas destas dez instituições já assinaram os protocolos com as entidades oficiais, outras, embora não tenham formalizado essa colaboração, já estão a realizar testes. Em 24 dias, chegaram ao total, entre todas, de quase 20 mil testes, que foram aplicados tanto em lares como em instituições de saúde.

Aliás, foi a 30 de Março que arrancaram os testes de diagnóstico em lares, uma operação do Ministério do Trabalho (que tutela os lares) articulada com o Ministério da Ciência, em parceria com a rede de cientistas pelo país que começaria a aplicar o kit do IMM.

“Esta iniciativa mostra um esforço de mobilização inédito da comunidade científica portuguesa”, sublinha o ministro da Ciência, Manuel Heitor. “Começou com 120 testes por dia no IMM. Hoje estamos a atingir uma capacidade diária de cerca de quatro mil testes e podemos escalar até aos cinco mil”, adianta Manuel Heitor, referindo-se aos testes de diagnóstico realizados nos laboratórios dos cientistas. “E estamos a desenvolver uma capacidade paralela de testes serológicos, que tem de ser complementada com testes virais, para dar confiança à população para a retoma das actividades sociais e económicas”, acrescenta o ministro, referindo-se agora a testes que detectam anticorpos em resposta à infecção, para investigar se há imunidade e por quanto tempo. “Uns testes não substituem os outros, mas complementam-se para fazer estudos de várias populações e profissionais, como enfermeiros e cuidadores em lares.”

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Além das dez instituições, outras 12 instituições estão na calha para participarem neste esforço conjunto (com protocolos em preparação ou já assinados, embora ainda não estejam a fazer testes): Instituto Superior Técnico; Instituto Politécnico de Bragança; Instituto Politécnico de Leiria; Instituto Politécnico de Castelo Branco; Instituto Politécnico de Setúbal; Universidade da Beira Interior; Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa; Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa; Instituto Universitário Egas Moniz; Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; e Instituto Superior de Agronomia.

Neste tipo de testes de diagnóstico, procura-se a presença do vírus no organismo, através da detecção do seu material genético (ARN), em amostras recolhidas na garganta ou no nariz. Este contributo de quase 20 mil testes da comunidade científica, a partir do final de Março, inclui-se nos 317 mil testes de diagnóstico à covid-19 realizados desde 1 de Março, número avançado esta sexta-feira por António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, na conferência diária de balanço da pandemia.

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