BE aproveita Abril para exigir da Europa, Governo e Câmara do Porto recursos para a retoma económica

Partido lamenta ausência de iniciativa institucional do município do Porto para assinalar esta data, numa altura em que o povo não pode sair à rua para clamar Abril.

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Sessão do 46.º aniversário do 25 de Abril com um terço de deputados e convidados nas galerias Rui Gaudencio

O Bloco de Esquerda puxa pelo simbolismo do 25 de Abril, que este ano decorre num contexto de crise pandémica, para reclamar da Comissão Europeia, do Governo e a Câmara do Porto medidas que levem à retoma económica e social do país.

Preocupado com o “tempo duro que se adivinha” em função da crise pandémica – sanitária, social e económica”, o BE exige medidas: “União Europeia, Governo e Câmara do Porto têm o dever de mobilizar todos os seus recursos para a retoma económica, e social - recusando a austeridade como resposta; para a economia – e não para o negócio; e para as respostas de emergência social - ao invés de opções que privilegiam apenas alguns”.

Em comunicado divulgado esta sexta-feira, o Bloco diz que “se a nível nacional e europeu seria uma traição às pessoas que se sobrepusessem agora questões de limite de défice à implementação de medidas que garantam a sobrevivência de todos e combatam a pobreza, no Porto seria incompreensível que a CMP [Câmara Municipal do Porto] pudesse apresentar, no final do ano, um novo excedente orçamental de dezenas de milhões de euros, em vez de dar uma resposta de emergência às necessidades da vida das pessoas”.

Assinado pela comissão coordenadora concelhia do Porto e pelo grupo municipal do Bloco de Esquerda, o texto começa por aludir ao contexto em que este ano decorre a celebração da revolução dos cravos e aproveita para lamentar a “ausência de iniciativa institucional do município do Porto para assinalar o 46.º aniversário do 25 de Abril, salientando que “celebrar a data em contexto de crise pandémica reveste-se de ainda maior relevância”.

“Numa altura em que não pode o povo sair à rua para clamar Abril, lamentamos a ausência de iniciativa institucional do município do Porto para assinalar desta data. São muitas as autarquias que a celebram institucionalmente, por exemplo, através de eventos feitos pela Internet, apelando à participação das e dos munícipes, por essa via”, afirma o BE, notando que: “Importa inscrever na memória da cidade a acção militar desencadeada pelos capitães de Abril que trouxe o fim da PIDE, da censura e da guerra colonial, que devolveu a liberdade aos presos políticos e que permitiu que fosse o voto popular e universal a eleger a Assembleia da República e o poder local”.

“Olhar o Porto a partir de Abril implica um olhar transversal à política e instrumental do ponto de vista das garantias que nos trouxe para a própria crise pandémica porque estamos a passar. É olhar para a forma como se pratica a democracia local, como se combate a pobreza e se debelam vulnerabilidades, como se garante o direito à habitação, ou se democratiza a cultura e a criação artística, ou como se inscreve a história e o património de uma cidade, também caracterizada pelas lutas que fizeram e fazem Abril e Maio”, acrescentam os bloquistas.

Numa nota publicada quarta-feira na sua página oficial, a câmara liderada por Rui Moreira informava que a Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril, constituída por sindicatos e associações, entre outros, abdicou de realizar acções de rua no Porto neste dia por conta da pandemia de covid-19, apelando que “se cante a liberdade à janela”.

Assim, “para homenagear o heroísmo dos militares e do povo português que resistiu, enfrentou e derrubou a ditadura”, a comissão pretende criar um movimento que marque este momento, apelando a que, pelas 15h do dia 25 de Abril, quem pretender, cante nas varandas ou janelas de suas casas “Grândola, Vila Morena”.

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