Sozinhos, com limite de tempo, sem ficar na areia. Como os surfistas querem regressar ao mar
Entidades do sector fizeram chegar ao Governo, ao Presidente da República e à Assembleia da República uma carta com propostas para que a prática de desportos como o surf e o bodyboard possa acontecer depois do estado de emergência.
Ir surfar sozinho, durante, no máximo, de 90 minutos na água, sem permanecer no areal. É com regras como estas que os surfistas propõem regressar ao mar depois do estado de emergência. Dizem-no numa carta enviada ao Presidente da República, à Assembleia da República e ao primeiro-ministro.
A carta, assinada pela Federação Portuguesa de Surf (FPS), a Associação Nacional de Surfistas e a World Surf League, inclui várias propostas de novas regras para a prática de desportos como o surf, o bodyboard, o skimboard, o bodysurf, entre outros:
- apresentar-se na praia “munido de uma ou mais pranchas de surf, bodyboard, longboard, bodysurf ou SUP, fato de borracha e/ou demais acessórios técnicos necessários à prática do surfing”;
- “de forma individual e desagrupada”, excepto em contextos familiares;
- o acesso ao mar “deve ser feito individualmente, de forma pedonal ou por deslocações automóveis respeitando um limite máximo de duas pessoas por viatura (excepto para os agregados familiares), e por iniciativa desagrupada e dispersa com distâncias mínimas entre si de quatro metros”;
- o acesso às ondas deve ser feito “de forma exclusiva pelo corredor de acesso ao mar, com integral respeito pela não permanência na praia”;
- cada surfista “deverá limitar a sua actividade física diária a uma sessão no mar de até 90 minutos”, sem “estadia, permanência ou convivência na praia”.
“Saúde e bem-estar”
“Queremos [voltar] quando o período de emergência for levantado, supostamente no dia 2 de Maio. Temos de dar algum tempo. Achamos que vamos ter uma resposta positiva do Governo, até porque o próprio executivo já está a inclinado a fazer uma abertura gradual do mar”, disse o presidente da FPS, João Aranha, à Lusa.
Aranha justifica o regresso apontando “razões de saúde e bem-estar” e fala de uma “visão diferente”, relativamente às diferenças de regressar ao mar e à praia.
“A praia para nós é uma passadeira e não é onde nós paramos e nos juntamos. Nós temos uma visão diferente. O nosso meio é o mar, são as ondas e queremos voltar ao mar. Compreendemos que o Governo teve algum receio, face aos ajuntamentos nas praias, como é normal”, explicou.
Mesmo com praias fechadas, ou com lotação máxima de pessoas, a ideia é que “haja acesso ao mar para os surfistas”, que estão “a ficar um bocadinho secos, com muita vontade de voltar e desesperados”.
Impacto económico “brutal”
Contudo, a grande preocupação para a Federação passa pelo impacto económico “brutal”, como a redução de patrocínios, de eventos e o encerramento das escolas de surf.
“O que me preocupa mais e o que é crítico é a área do ensino de surf e das escolas. Essas sim, estão numa situação extremamente complicada. Tem de haver algum tipo de situação que os ajude a regressar gradualmente. Deviam ser autorizados a regressar, com regras e aulas com menos alunos”, lamentou.
Por fim, João Aranha mostrou-se esperançoso na realização de algumas provas ainda no ano de 2020 “já muito condicionado e reduzido”.