Harry e Meghan cortam relações com os tablóides britânicos
“Compromisso zero.” A dias do caso que opõe Meghan a um jornal ir a tribunal, o príncipe Harry e a sua mulher descreveram desta forma a relação futura com os tablóides britânicos.
O príncipe Harry e a sua mulher, Meghan, informaram, este domingo, os maiores tablóides britânicos que no futuro haverá “compromisso zero” com os mesmos órgãos de comunicação social, devido à cobertura falsa e invasiva que fazem.
O duque e a duquesa de Sussex, que abandonaram os seus empregos a tempo inteiro como membros seniores da família real no final de Março e deixaram de ter permissão para usar a palavra “royal” (facto que os levou a pôr um ponto final na sua conta de Instagram @sussexroyal), não têm mantido nenhum tipo de discrição quanto ao seu descontentamento com os tablóides e, no final desta semana, o processo judicial de Meghan contra um dos jornais será julgado no Supremo Tribunal de Londres.
Numa carta dirigida aos editores dos jornais The Sun, Daily Mail, Daily Express e Daily Mirror, o casal, que agora reside na zona de Los Angeles, EUA, para onde se mudou dias antes do encerramento da fronteira com o Canadá, deixa claro que não se interessa por todas aquelas publicações.
“O duque e a duquesa de Sussex viram pessoas que conhecem — assim como estranhos — terem as suas vidas completamente desfeitas por nenhuma outra razão a não ser o facto de os mexericos obscenos aumentarem as receitas publicitárias”, lê-se na carta. “Posto isto, registe que o duque e a duquesa de Sussex não se voltarão a envolver com a sua empresa (...). [Haverá] compromisso zero.”
O casal frisou, porém, que a decisão não se destinava a evitar críticas ou a censurar uma reportagem rigorosa. “Os meios de comunicação social têm todo o direito de informar sobre o duque e a duquesa de Sussex e de ter uma opinião sobre o mesmo, boa ou má. Mas [a mesma] não se pode basear numa mentira”, explicam.
O secretário de Estado britânico do Digital, Cultura, Comunicação Social e Desporto, Oliver Dowden, comentou que, depois de se ter retirado de funções, a forma como o casal decide relacionar-se com a imprensa é uma decisão apenas do próprio. No entanto, as críticas não se fizeram esperar — mais ainda quando o anúncio surge numa altura em que o Reino Unido enfrenta sérios problemas com o surto pelo novo coronavírus: até esta segunda-feira, já tinham sido identificados mais de 120 mil casos de covid-19 e registados 16.060 óbitos na Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (há mais 35 mortos a lamentar em territórios britânicos).
“Bullying e racismo”
Meghan, uma ex-actriz norte-americana, e Harry, neto da rainha Isabel e sexto na linha de sucessão ao trono britânico, formam um dos casais mais célebres desde o seu casamento em 2018. E a celebridade da dupla chamou a atenção dos meios de comunicação social, que Harry e Meghan acusam de bullying e de racismo por a mãe de Meghan ser afro-americana.
A relação tensa de Harry com a imprensa não é, porém, de agora, já que o príncipe a culpa pela morte da mãe, a princesa Diana, na sequência de um acidente de viação em Paris, em 1997, quando o seu veículo fugia dos paparazzi. Harry tinha, na época, 12 anos.
Em 2013, um tribunal londrino ficou a saber que funcionários do News of the World, jornal entretanto extinto do grupo de Rupert Murdoch, tinham pirateado mensagens de voz do telefone de Harry, que, já em Outubro do ano passado, informou sobre a sua decisão de processar outros media de Murdoch por causa do mesmo tipo de pirataria, nomeadamente o The Sun e The Daily Mirror. Já Meghan iniciou uma acção judicial contra o Mail on Sunday por causa da publicação de uma carta que escreveu ao seu pai, acusando a DMG Media (antiga Associated Newspapers) de uso indevido de informações privadas, violação de direitos de autor e violação da Lei de Protecção de Dados de 2018. A próxima fase desse processo será julgada em tribunal esta semana.
No fim do ano passado, Harry disse que o tratamento que Meghan tinha recebido por parte dos media ecoava a atenção implacável que a sua mãe tinha sofrido nos anos que antecederam a sua morte. “O meu maior receio é que a história se repita. Vi o que acontece quando alguém que eu amo é catalogado ao ponto de deixar de ser tratado ou visto como uma pessoa real. Perdi a minha mãe e agora vejo a minha mulher a ser vítima das mesmas forças poderosas.”
Harry, de 35 anos, e Meghan, de 38, mudaram-se recentemente para os Estados Unidos com o pequeno Archie, depois de tudo indicar que ficariam a residir no Canadá. Porém, o cenário da actual pandemia, a previsão do encerramento da fronteira entre os dois países e o facto de terem em Los Angeles uma rede de apoio superior à que teriam no país da Commonwealth acabaram por determinar a mudança de residência para a Califórnia.