Covid-19: Albufeira é único concelho no Algarve em que vírus estará a circular na comunidade

A delegada regional de saúde admite que há muitos casos onde não é possível encontrar uma ligação epidemiológica a outros casos.

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Um elemento da polícia durante uma operação de fiscalização efetuada pela GNR junto às portagens da A2, na entrada do Algarve LUSA/LUÍS FORRA
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Adriano Miranda / PUBLICO

O concelho de Albufeira, onde há 56 casos de doentes infectados com covid-19, é para já o único no Algarve em que a transmissão do novo coronavírus pode estar a circular na comunidade, segundo a delegada regional de Saúde.

“Desde há umas duas semanas para cá que nós achamos que este concelho é aquele em que a transmissão do vírus pode circular na comunidade. Enquanto nos outros concelhos nós vamos sempre encontrando uma história, um “link” epidemiológico, em Albufeira já temos bastantes casos em que não conseguimos encontrar essa ligação”, afirmou hoje Ana Cristina Guerreiro.

Em conferência de imprensa, realizada no posto de comando distrital da Protecção Civil, em Loulé, a responsável referiu que Albufeira é o concelho do Algarve em que se registam mais casos de doentes com covid-19.

Tratando-se de um concelho pequeno, mas com grande concentração populacional, a delegada de Saúde apelou a que as pessoas se mantenham em casa e restrinjam os contactos sociais, medidas que considerou “fundamentais para conseguir conter a situação”.

Cordão sanitário chegou a ser ponderado

As autoridades, reconheceu, chegaram a equacionar a criação de um cordão sanitário em Albufeira, no entanto, concluíram que não seria necessário “uma medida tão drástica”.

“Nos últimos dias, os casos novos [em Albufeira] têm tido um crescimento sustentado e não dispararam”, afirmou, sublinhando que “as medidas têm de ser correspondentes à gravidade” da situação e que as autoridades se mantêm atentas.

Neste momento, uma das maiores preocupações das autoridades de saúde regionais é conter possíveis focos de disseminação da doença em lares de idosos e nas comunidades agrícolas, que são os locais onde, no Algarve, têm surgido em simultâneo mais casos.

Na semana passada, foi detectada a existência de 21 casos num lar de idosos em Boliqueime, número que entretanto, segundo Ana Cristina Guerreiro, subiu para 23, mas os testes que têm vindo a ser realizados noutras instituições não revelaram qualquer caso positivo.

Ao abrigo da campanha de rastreio nos lares de idosos da região já foram testados utentes e funcionários de 13 estabelecimentos, em sete concelhos: Albufeira, Alcoutim, Faro, Loulé, Olhão, Portimão e Vila Real de Santo António.

No que respeita ao número de migrantes, na sua maioria de origem asiática, que se deslocaram para comunidades rurais do Algarve “em grande número” por esta época coincidir com o início da colheita de frutos, foram detectados casos positivos em grupos dos concelhos de Tavira, Silves e Albufeira.

Sem avançar com dados sobre o número de migrantes infectados em Albufeira, Cristina Guerreiro disse apenas que a “situação é diferente” dos outros concelhos, pois há uma “história de contacto com doentes”.

Os migrantes, referiu, são “um grupo particular”, por vários motivos, desde logo devido à dificuldade na comunicação, o que leva a que possam não estar tão bem informados como os portugueses.

Nesse sentido, as autoridades “estão muito alerta” ao surgimento de focos nestas comunidades rurais e a desenvolver esforços para melhorar a comunicação, nomeadamente com a criação de informação “nas línguas que [os migrantes] percebem melhor”.

De acordo com Ana Cristina Guerreiro, em Tavira há “um grupo de cerca de 20” trabalhadores rurais infectados e em Silves há registo de seis.

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, classificou esta última semana como uma semana “de estabilidade”, em que o aumento do número de casos no Algarve, em termos médios, “foi inferior a 5%”.

Nas áreas dedicadas à covid-19 nos centros de saúde do Algarve, onde são acompanhados os casos mais ligeiros, o número de atendimentos diários “nunca supera” os 20 e, em algumas áreas, “nem supera os 10”, concluiu.