Coronavírus: Miss Inglaterra tira a coroa e apresenta-se ao serviço. Bhasha é médica, especialidade em doenças respiratórias

“Como médica, não concebo não estar ali”. Ali é um hospital que integra o NHS, o serviço nacional de saúde britânico.

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Fotografia antes do concurso Miss Mundo em Dezembro, em Londres Reuters

Nasceu em Calcutá, Índia, viveu no Reino Unido desde criança, licenciou-se em ciências médicas e, ainda, em cirurgia. Talvez para espairecer antes de entrar ao trabalho a sério, candidatou-se ao concurso britânico de misses e acabaria mesmo por ganhar, tentando equilibrar a sua entrada ao serviço num hospital com as habituais missões de solidariedade social das vencedoras da competição ao longo da temporada em que ostenta a coroa.

Mas, agora, o título “real” e a própria coroa ficaram na prateleira. Bhasha Mukherjee não quer ser (apenas) uma miss enquanto o mundo enfrenta a pandemia de covid-19. Estava na Índia, como parte do programa oficial das misses, em visitas a orfanatos e lares de terceira idade, tendo ficado retida no país ao ser declarado o estado de emergência. Mas, por fim, conseguiu voltar à terra onde cresceu e se licenciou, preparando-se para se apresentar ao serviço no hospital em que só seria esperada em Agosto: o Pilgrim Hospital, na cidade de Boston, no Leste da Inglaterra.

“Não poderia estar mais orgulhosa por ser tanto Miss Inglaterra como por servir em algo que é um orgulho nacional como o NHS”, disse à BBC esta jovem médica que está a especializar-se em doenças respiratórias.

“A situação está a piorar e os meus colegas precisam de ajuda”, acrescentou ao Washington Post, numa altura em que o Reino Unido é um dos países mais atingidos pelo surto e a sofrer a saturação do seu SNS — incluindo a hospitalização do primeiro-ministro, Boris Johnson. Por todo o mundo, como destaca o jornal, milhares de médicos e outro pessoal médico, reformado ou afastado do serviço por várias razões, voluntariou-se para regressar aos serviços de saúde.

Fotografia antes do concurso Miss Mundo em Dezembro, em Londres Reuters/Hannah Mckay
Fotografia do concurso Miss Mundo em Dezembro, em Londres Reuters
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Fotografia antes do concurso Miss Mundo em Dezembro, em Londres Reuters/Hannah Mckay

A miss Inglaterra voltou para o país no início do mês e está a cumprir o período de quarentena obrigatório para quem chega de fora do país. Prepara-se para se apresentar ao trabalho no hospital na próxima semana. “Não sei para que secção vou, mas estou pronta para fazer o que for preciso”, disse. “Como médica, não concebo não estar ali”.

Mukherjee cresceu em Derby, em pequena sonhava ser actriz ou modelo (o que também acabou por ser), mas depois, através de trabalho voluntário em lares, decidiu fazer estudos na área de medicina. “Quero contribuir com a minha parte”, diz, citada pelo Daily Mail.

E não estará preocupada, pessoalmente, com a possibilidade de ficar infectada? “Poderia ter ficado infectada em qualquer sítio, em qualquer altura. Poderia ter acontecido em qualquer aeroporto ou enquanto estive na Índia”, resume.

A rematar, Bhasha Mukherjee diz: “A minha maior preocupação é a pressão actual sobre o serviço nacional de saúde”. Tem 24 anos.

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