Médicos do centro de transplantes querem continuidade do serviço no Curry Cabral

Uma proposta dirigida ao conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central defende que este terá de assumir a total responsabilidade pelas consequências da transferência do serviço

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O Curry Cabral deverá ser transformado temporariamente num hospital exclusivo covid-19 Nuno Ferreira Santos
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A mudança do centro de referência do fígado e transplante para outro hospital é alvo de críticas Enric-Vives Rubio

Médicos do Centro Hepato-bilio-pancreático e de Transplante (CHBPT) do Hospital Curry Cabral querem que o serviço continue a funcionar nesta unidade hospitalar e consideram que o Hospital de Santa Marta, para onde está prevista a sua transferência, não tem as condições necessárias para tratar em segurança os doentes daquele centro de referência. Uma proposta dirigida ao conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) não exclui a transferência do serviço, mas os médicos recusam responsabilizar-se por ela, deixando-a nas mãos da administração.

Segundo uma fonte da instituição disse ao PÚBLICO, a proposta “tem o apoio total” do grupo de médicos do CHBPT. Assente na premissa de que só no Curry Cabral existem os meios tecnológicos e o espaço adequado ao apoio que ali é prestado no tratamento de cancros do fígado ou do pâncreas e na área dos transplantes, defende-se que o CHBPT possa continuar a funcionar naquele hospital, que deverá tornar-se numa unidade para tratamento exclusivo da covid-19. A solução apontada passa pela criação de circuitos independentes, entre os utentes do CHBPT e os restantes utilizadores do hospital, sejam doentes ou trabalhadores. Os médicos que apoiam a proposta consideram “fundamental” que o centro continue no Curry Cabral e argumentam que há espaço para tal.

A saída do centro para o Hospital de Santa Marta só deveria ocorrer quando fossem esgotadas todas as possibilidades de manutenção no Curry Cabral — o que não aconteceu, defendem — e, nesse caso, a responsabilidade dessa decisão terá de ser assumida inteiramente pelo conselho de administração. Segundo o PÚBLICO apurou, na proposta dirigida à administração do CHULC refere-se que há procedimentos — incluindo intervenções de urgência do foro oncológico ou transplantes — que não poderão ser realizados no Santa Maria, pelo que a responsabilidade da mudança para este hospital não pode ser imputada aos médicos.

O CHULC anunciou a transferência de quatro serviços do Curry Cabral para outros hospitais do grupo. Além do CHBPT, cuja mudança para o Santa Marta foi prometida até ao final desta semana, as outras transferências, com o mesmo prazo, incluem a ida do serviço de Medicina Física e de Reabilitação para o Hospital de Santo António dos Capuchos e a passagem para o S. José dos serviços de Ortopedia e de Cirurgia Geral.

Esta segunda-feira, o Grupo de Transplantados do Hospital Curry Cabral lançou uma petição na internet, apelando a que os doentes “de risco, entre eles os oncológicos e os imunodeprimidos, como os transplantados” continuem a receber todos os cuidados necessários e que o CHBPT “seja integralmente preservado e a sua actividade mantida”. Esta terça-feira a petição já tinha sido assinada por mais de 1700 pessoas.

Após a divulgação deste documento e quando já eram conhecidas as críticas dos médicos do centro de referência à transferência, o CHULC afirmou que a mudança anunciada seria mantida e que estava garantida “a defesa da saúde de todos os cidadãos” que recorrem ao CHBPT.

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