Quem não tem sala de cinema caça com VOD (e com Pablo Larraín, entre outros)

Com as salas fechadas até data incerta, a Cinema Bold é a primeira distribuidora independente portuguesa a lançar directamente nas plataformas caseiras: seis filmes ao ritmo de um por semana a partir de 23 de Abril.

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Com as salas de cinema fechadas, começam a surgir as primeiras experiências de distribuição comercial alternativa. A Cinema Bold, chancela da Alambique dedicada a títulos mais risqué com lançamentos simultâneos em salas, DVD e video-on-demand (VOD), aposta agora numa sequência de estreias oficiais, mas exclusivamente online, em seis semanas consecutivas. Entre os filmes a estrear estão os mais recentes títulos de Pablo Larraín, Ema, e Quentin Dupieux, 100% Camurça, com Jean Dujardin.

A partir de 23 de Abril, ao ritmo de um título por semana, os seis mais recentes lançamentos do catálogo da Cinema Bold irão ser distribuídos directamente em VOD (na plataforma Filmin) e nos videoclubes televisivos (Meo, Nos, Nowo e Vodafone). Não é, claro, uma novidade – sempre houve filmes lançados directamente para formatos caseiros sem passarem pelo grande ecrã – mas é o primeiro caso, para já, de filmes previstos para estreia em sala que a crise de saúde pública criada pelo novo coronavírus leva a encontrar outra saída.

A 23 de Abril, surge Monos, do colombiano Alejandro Landes, história de guerrilheiros adolescentes que se tornou num dos filmes mais controversos de 2019 no circuito dos festivais (começou carreira em Sundance e Berlim), seguido a 30 de Abril por Salve Satanás?, documentário de Penny Lane sobre as acções do Tempo Satânico norte-americano em defesa da liberdade religiosa. A 7 de Maio estreia o dinamarquês Rainha de Copas, de May el-Toukhy, sobre o romance escandaloso entre uma advogada e o seu enteado, que valeu a Trine Dyrholm (a Nico de Nico 1988, de Susanna Nicchiarelli) nomeação para os Prémios Europeus de Cinema como melhor actriz.

A 14 de Maio é a vez de 100% Camurça, o último objecto inclassificável do francês Quentin Dupieux (Pneu), com Jean Dujardin no papel principal deste filme que fez a abertura da Quinzena dos Realizadores de Cannes há um ano; e a 21 de Maio chega Liberdade, do russo-americano Kirill Mikhanovsky, comédia semi-improvisada que foi uma das revelações da divisão indie americana de 2019.

O último dos seis filmes, com estreia a 28 de Maio, é Ema, o mais recente título do chileno Pablo Larraín (Tony Manero, Jackie), estreado no último Festival de Veneza, sobre a crise de um casal (Mariana di Girolamo e Gael García Bernal) com o seu filho adoptado.

Este “pacote” da Cinema Bold vem na sequência das experiências realizadas anteriormente pela distribuidora com lançamentos quase simultâneos em sala, DVD e VOD, num catálogo que inclui A Criada, de Park Chan-wook, As Boas Maneiras, de Marco Dutra e Juliana Rojas, ou Stop Making Sense, de Jonathan Demme. E surge num momento em que o panorama da distribuição em sala continua no limbo forçado pelo encerramento dos cinemas sem fim à vista; todas as distribuidoras a trabalhar no mercado português suspenderam a sua actividade, e todas as estreias em sala marcadas até ao final de Abril foram canceladas.

Vários filmes que se encontravam ainda em exibição aquando do encerramento oficial das salas no fim-de-semana de 12 a 15 de Março viram entretanto a sua entrada em VOD e vídeo-clube antecipada – foram os casos de Bloodshot, com Vin Diesel, 1917, de Sam Mendes, O Caso de Richard Jewell, de Clint Eastwood, Mosquito, de João Nuno Pinto, ou J’Accuse – O Oficial e o Espião, de Roman Polanski, que os espectadores portugueses podem ver no videoclube da Nos ou na plataforma Filmin. No entanto, a Cinema Bold avança que os seis títulos que serão disponibilizados a partir de 23 de Abril terão futuramente exibição em sala quando a situação normalizar. 

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