Literatura de viagens: asas para o sofá
Os livros de viagens que dão mais gozo são aqueles que prendem o leitor ao sofá, que o arrastam para dentro das páginas, só para lhe soltarem as asas da imaginação. E destes, os melhores, a nata da literatura de viagens, são os “clássicos”, ou seja, aqueles que a cada releitura oferecem novas voltas, novas viagens.
A era da exploração acabou, não há muito mais por descobrir - já lamentava o antropólogo Claude Lévi-Strauss no seu Tristes Trópicos, de 1955. Hoje ainda é pior, quando, depois da liberdade de voar para todo o lado, regredimos para uma nova idade das trevas, de confinamento e de apertadas restrições à circulação. Em contrapartida, o instinto de partir não faleceu, o desejo de navegar comanda talvez mais do que a fantasia e nada a alimenta mais directamente que os grandes clássicos da literatura de viagens. Certo, mas antes de passarmos a considerar uma selecção de obras de referência no género, convirá esclarecer coisas que são menos óbvias do que parecem. O que é isso da literatura de viagem? E, já agora, o que poderá ser um relato clássico de viagem?
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