Construtoras querem “acesso sem burocracias” às linhas de crédito
Associações do sector falam em impacto directo de 493 milhões na tesouraria das empresas, num cenário de interrupção da actividade.
As associações que representam as empresas sector da construção querem apoios para prevenirem o que será “um impacto desastroso”, num cenário de paralisação de obras, por causa da pandemia da covid-19.
A interrupção da actividade pelo período de um mês terá um impacto directo de 493 milhões de euros na tesouraria das empresas, avisam.
Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a AICCOPN e a AECOPS recordam que qualquer paragem da actividade de construção gera um efeito imediato de suspensão dos pagamentos e, “numa primeira estimativa”, e tomando por referência o mês de Março, apontam para “uma redução de 1,77 mil milhões de euros no volume de negócios”.
Em simultâneo, manter-se-ia “uma despesa mensal a suportar de 435 milhões de euros” relativa aos salários e remunerações dos 306 mil trabalhadores do sector, mais “58 milhões de euros de encargos mensais de financiamento” das empresas junto da banca.
Num sector em que não há stocks para venda durante a crise, nem a possibilidade de colocar os trabalhadores em teletrabalho, as associações temem uma “crise de liquidez imediata, com impacto transversal que seria um verdadeiro desastre económico e social”.
Querem, por isso, “medidas imediatas” e “orientadas para a gestão de tesouraria e de recursos humanos”.
Entre elas, o “acesso sem burocracias e regras desnecessárias” às linhas de crédito anunciadas pelo Governo e ao regime de lay-off simplificado. Pedem a suspensão, por dois meses, das obrigações fiscais e contributivas, nomeadamente o pagamento do IVA e das contribuições para a Segurança Social.
Querem que se estabeleça uma moratória de três meses para os créditos bancários em curso; o pagamento imediato a todos os fornecedores do Estado, “independentemente dos prazos de pagamento contratualmente definidos e/ou constantes da facturação dos respectivos bens e serviços”.
Exigem igualmente o adiantamento do pagamento pelos donos de obra pública de parte ou da totalidade dos trabalhos não executados e a possibilidade de recurso a “modalidades de factoring”, junto do sistema financeiro, para trabalhos contratados, previstos e não executados.
Frisando que “a fileira da construção e do imobiliário, responsável por mais de 600 mil trabalhadores, dos quais, mais de metade, se encontram ao serviço das empresas de construção, vai desempenhar um papel central na tarefa de reconstruir a economia portuguesa”, as duas associações notam que estes são “apoios transitórios” e que “podem ser, em larga medida, geridos numa lógica de gestão de tesouraria”.