Nem Brufen nem outros medicamentos potenciam acção do coronavírus, disse Graça Freitas

Ministra da Saúde admitiu que a curva epidemiológica vai aumentar até ao final de Abril. Há neste momento 18 doentes nos cuidados intensivos e oitos desses são críticos.

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Directora-geral da Saúde, Graça Freitas, e Marta Temido, ministra da Saúde, fizeram conferência de imprensa conjunta este domingo LUSA/ANTÓNIO COTRIM

A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou, este domingo, que haverá um desmentido à escala europeia: “Nem o Brufen nem outros medicamentos potenciam a acção do vírus.”

Esta informação vem na sequência de um aviso do ministro de Saúde francês, Olivier Véran, que, este sábado, nas redes sociais aconselhou a que não se tomasse  Brufen porque “pode ser um factor que piora a infecção” nos doentes infectados com o novo coronavírus. Porém, Graça Freitas desmentiu esse possível efeito, sustentando que não há provas científicas.

Ao final do dia, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) enviou um comunicado a confirmar que “não existem, actualmente, dados científicos que confirmem um possível agravamento da infecção por covid-19 com a administração de ibuprofeno ou outros anti-inflamatórios não-esteróides”. “Nesse sentido, não há motivo para os doentes que se encontrem em tratamento com os referidos medicamentos o interrompam.” A possível relação entre a exacerbação das infecções e a toma de ibuprofeno está a ser avaliada pelo Comité de Avaliação de Risco de Farmacovigilância da Agência Europeia do Medicamento e espera-se uma conclusão em Maio.

Na conferência de imprensa conjunta com a ministra da Saúde, Marta Temido, a directora-geral da Saúde informou ainda que há, neste momento, 18 doentes nos cuidados intensivos, e oito desses casos são críticos.​ Em geral, são idosos e com patologia associada, esclareceu Graça Freitas.

Já a ministra da Saúde admitiu que a curva epidemiológica vá aumentar até ao final de Abril. Marta Temido confirmou os números do boletim: “Neste momento, além dos 245 infectados, há 1746 casos não confirmados e 281 a aguardar resultados.”

A ministra anunciou ainda que o encaminhamento dos doentes com o coronavírus vai ser alterado e vai ser privilegiado o tratamento domiciliário. Um trabalho que está a ser preparado para entrar em vigor assim que possível, disse Marta Temido.

Ministra garante protecção aos profissionais de saúde

“Temos de nos preparar para este cenário”, disse Marta Temido, que garantiu que já estão a ser tomadas medidas para proteger os profissionais de Saúde. A ministra da Saúde explicou que está a ser articulada com a China a possibilidade de importar material de protecção.

Marta Temido assumiu ainda que há casos de profissionais de saúde infectados. Alguns terão contraído covid-19 em deslocações e outros no exercício da profissão, mas não avançou números.

Isto depois do Sindicato Independente dos Médicos ter vindo apelar ao Governo para disponibilizar rapidamente meios de protecção aos profissionais de saúde em Portugal, referindo que há mais de 50 médicos infectados com o novo coronavírus e mais de 150 em quarentena.

A ministra da Saúde confirmou ainda que as férias da Páscoa dos profissionais de saúde foram suspensas e que foi retirada a obrigatoriedade de gozar esses períodos até ao dia 31 de Março do ano seguinte.

Conselhos para quem regressa ao trabalho

E como se aproxima a segunda-feira, e é esperado que muitas pessoas regressem ao trabalho, tanto Graça Freitas como Marta Temido deixaram conselho, nomeadamente lavar bem as mãos, com água e sabão, antes de sair de casa, usar um lenço para abrir a porta e chamar o elevador e voltar a lavar as mãos no local de trabalho. Além disso, Graça Freitas aconselhou as pessoas a estarem de costas umas para as outras nos elevadores e nos transportes públicos.

Depois, a directora-geral da Saúde lembrou que há uma diferença entre as pessoas de quarentena voluntária e as pessoas em isolamento profiláctico e em vigilância activa, por terem estado em contacto com grupos de risco ou pessoas infectadas ou ainda pessoas que já estiveram infectadas e continuam em recuperação.

Graça Freitas disse que estas últimas pessoas devem, por exemplo, dormir num quarto sozinhas e, melhor ainda, com quarto de banho próprio, bem como utilizar os próprios talheres e limpar com todo o cuidado o quarto e os objectos que usar. “Não partilhar nada, porque é como se estivéssemos numa guerra”, afirmou.

Marta Temido deixou um elogio aos profissionais de saúde e agradeceu a solidariedade manifestada. “Vemos com muita emoção as manifestações de apoio”, afirmou.

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