Coronavírus: Casa Branca e Congresso acertam plano de apoio à economia

Com a expansão do vírus a acelerar nos EUA, Democratas e Republicanos chegaram a um entendimento para o lançamento de um pacote de medidas que alivia os impacto negativos sentidos por trabalhadores e empresas.

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Donald Trump e Nancy Pelosi, líder da Câmara dos Representantes Reuters/Leah Millis

Replicando aquilo que tem vindo a ser feito na Europa na última semana, os Estados Unidos começaram nas últimas horas e avançar com as suas próprias medidas de resposta aos impactos económicos e sociais trazidos pela pandemia do coronavírus. Depois de Donald Trump ter anunciado um pacote de ajuda do governo federal no valor de 50 mil milhões de dólares (45 mil milhões de euros), a Casa dos Representantes aprovou na madrugada deste sábado uma série de medidas de apoio às empresas e aos trabalhadores afectados pela crise, num sinal raro de entendimento entre Republicanos e Democratas.

A legislação agora aprovada – mas que ainda terá de passar pelo Senado – tem como medida mais significativa o pagamento, pelo prazo de duas semanas, de um subsídio por baixa aos trabalhadores que fiquem doentes ou que tenham que acompanhar os filhos, seja porque estes fiquem doentes, seja porque a sua escola foi fechada. A maioria Democrata da Casa dos Representantes queria que este apoio fosse permanente, mas na negociação com a Casa Branca conduziu ao que as duas partes classificam como uma “solução intermédia”.

Para além dessa medida, o plano inclui também créditos fiscais para ajudar as pequenas e médias empresas a suportarem parte do novo benefício concedido aos trabalhadores, alterações ao subsídio de desemprego, a possibilidade de realização de testes grátis ao vírus e a entrega de fundos adicionais aos programas de apoio na alimentação e na saúde. 

Não existe para já uma estimativa do impacto orçamental das medidas tomadas. 

A nova legislação foi aprovada por uma larga maioria na Câmara dos Representantes (363 contra 40) e conta com o apoio da Casa Branca. Irá no início da próxima semana ser discutida pelo Senado, dominado pelo Partido Republicano, antecipando-se uma aprovação rápida.

Algumas horas antes, na Casa Branca, Donald Trump, que até há alguns dias assumia um discurso de desdramatização da crise, tinha também anunciado uma série de medidas de combate à crise provocada pela expansão cada vez mais rápida do novo coronavírus nos EUA.

Em destaque no plano lançado pelo presidente está a entrega aos Estados e aos municípios de 50 mil milhões de dólares para financiar o combate à doença. De igual modo, a Casa Branca definiu um adiamento do prazo dado à entrega de declarações fiscais e a suspensão do pagamento de juros nos empréstimos concedidos a estudantes e a criação de parcerias público privadas para a realização de testes ao vírus.

Donald Trump anunciou ainda o lançamento, em parceria com a Google, de um sistema online que permite à população descrever a sua situação e inscrever-se para a realização de testes. A empresa contudo afirmou mais tarde que o sistema está ainda numa fase inicial de testes.

Embora numa fase menos avançada do que em alguns países da Europa, como a Itália, a França ou a Espanha, os Estados Unidos têm assistido nos últimos dias a uma aceleração da expansão do novo coronavírus, que está a conduzir ao cancelamento de diversas actividades culturais, desportivas ou de negócios. 

Em Wall Street, a reacção tem sido muito negativa, com quedas significativas dos principais índices bolsistas e o surgimento de tensões importantes no mercado obrigacionista, o que levou, na passada quinta-feira, à intervenção de emergência da Reserva Federal com a injecção de liquidez adicional no valor de 1,5 biliões de dólares. Na semana anterior, a Fed já tinha cortado as suas taxas de juro em meio ponto percentual.

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