Albert Serra: “Hoje não há harmonia entre os corpos. Há uma impossibilidade, uma fricção. A harmonia deu lugar a uma luta”
Na paisagem alentejana o catalão Albert Serra fabricou um bosque para um grupo de libertinos franceses do século XVIII exercitar as suas práticas. É com esse cruising que reinstala a sala de cinema como espaço onde se projectam as fantasias de um grupo: os espectadores. Isso hoje é que é inconveniente.
É coisa humana, triste, hilariante a impotência dos libertinos num bosque de cruising, fugidos da corte de Luís XVI, que se tornou adversa às suas práticas, e em busca de cumplicidade alemã para o seu proselitismo (e para iniciar as noviças). Estão perdidos entre eucaliptos (é a paisagem da Amareleja, Alentejo, onde este filme com participação da portuguesa Rosa Filmes foi rodado). Antes, na obra de Albert Serra, tinham sido os esforços de uma corte em impedir a gangrena de corroer o Rei Sol: A Morte de Luís XIV (2016). Agora, esta semana nas salas, é Liberté.
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