Obiang financia 100% de futura escola portuguesa na Guiné Equatorial

Presidente da Guiné Equatorial compromete-se a financiar uma escola portuguesa “com chapéu CPLP”, professores e funcionários dos vários países da comunidade. Sobre a pena de morte, Obiang repetiu que reforma legislativa será entregue “em breve” no Parlamento.

,Presidente da Guiné Equatorial
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Sobre a pena de morte, Obiang repetiu que reforma legislativa será entregue “em breve” no Parlamento Afolabi Sotunde
Partido Democrático da Guiné Equatorial
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Embaixador Francisco Ribeiro Telles com Presidente da Guiné Equatorial em Malabo, na reunião de 6 de Março Guinea Ecuatorial Press
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Obiang cumprimenta Florbela Paraíba, chefe de gabinete de Ribeiro Telles (no meio) Guinea Ecuatorial Press
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Teresa Efua Asangono, Presidente do Senado guinéu-equatoriano Guinea Ecuatorial Press
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Obiang com Constancia Mangue de Obiang, primeira Primeira Dama, na missa no Dia Internacional da Mulher, em Malabo Manuel Mangue, fotógrafo da presidência

Se na Guiné Equatorial há uma escola espanhola, uma escola francesa e uma escola turca, porque não uma escola portuguesa? O Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo gostou da ideia proposta pelo secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que esteve em visita oficial no país, e comprometeu-se a financiar uma futura escola de língua portuguesa gerida pela CPLP.

“Foi uma ideia que surgiu no decorrer da visita, depois de falar com pessoas e ver a realidade”, disse ao PÚBLICO o embaixador português Francisco Ribeiro Telles, actual secretário-executivo da CPLP, que acaba de regressar de Malabo. Na quarta-feira, o diplomata vai reunir-se com o presidente do Instituto Camões, em Lisboa, para discutir os próximos passos. “Seria uma escola portuguesa com chapéu CPLP, gestão, professores e funcionários dos vários países da comunidade lusófona, mas financiada a 100% pela Guiné Equatorial”, disse Ribeiro Telles. O novo Instituto Guimarães Rosa, criado há meses pelo governo de Brasília para promover a língua portuguesa e a cultura brasileira, poderá ter um papel relevante na futura “escola CPLP. Inicia-se agora um processo de consultas e estudo do projecto com os nove Estados-membros.

A adopção da língua portuguesa foi uma das condições para a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, formalizada em 2014 na cimeira de Díli, Timor-Leste, mas é consensual que em seis anos pouco foi feito nesta área. “O Presidente reconhece isso e queixou-se de que precisa de mais apoio e mais professores de português”, disse Ribeiro Telles. A futura escola portuguesa teria pólos em Malabo, a capital, e em Bata, no continente. Ao contrário das escolas portuguesas de Maputo ou Luanda, não seria uma extensão do ministério da Educação de Portugal, mas precisa de uma certificação oficial. Segundo o Presidente guinéu-equatoriano, há muita vontade em aprender português, sobretudo entre os jovens. 

A reunião de Ribeiro Telles com Obiang, no Grand Hotel Djibloho, na nova cidade administrativa do país, fez parte do périplo de visitas oficiais que o secretário-executivo da CPLP está a fazer aos Estados-membros da comunidade. A Guiné Equatorial tem um roteiro de integração na CPLP, cujo programa vai ser actualizado até Junho e afinado para o biénio 2020-22. O roteiro de adesão tem cinco eixos, um dos quais é a língua portuguesa.

Nos quatro dias de visita oficial (4 a 7), Ribeiro Telles teve encontros com o ministro dos Assuntos Exteriores e Cooperação, Simeón Esono Angue, com o terceiro vice-primeiro-ministro com a pasta dos Direitos Humanos, Alfonso Mokuy (presidente da Convenção Liberal Democrática, um partido da oposição coligado com o partido de Obiang), a presidente do Senado, Teresa Efua Asangono, os deputados do grupo parlamentar da CPLP, e os quatro chefes das delegações diplomáticas da CPLP em Malabo, os embaixadores de Angola, Brasil e São Tomé e Príncipe, e o encarregado de negócios de Portugal. Lisboa defende que subirá o nível de representação diplomática de encarregado de negócios para embaixador apenas quando a pena de morte for abolida.

Na reunião com a delegação da CPLP, o Presidente Obiang disse que o seu Governo terminou um projecto de reforma profunda do Código de Processo Penal (CPP), no qual está prevista a abolição da pena de morte, e que em breve deverá ser entregue ao parlamento. Há mais de um ano, no entanto, que o regime de Malabo diz que essa reforma legislativa está “quase pronta”. Obiang ​— no poder desde 1979 ​— disse a Ribeiro Telles que fez “a parte que lhe cabia e para a qual tem poderes: Assinei a moratória da pena de morte. Agora é a vez do Parlamento.” O governo de Obiang foi assessorado por juristas espanhóis e a reforma estará “pronta” e em fase de “leitura e edição final”.

É cada vez maior a pressão para que, em Junho, o Presidente da Guiné Equatorial não chegue de mãos vazias a Luanda, onde acontecerá a próxima cimeira de chefes de Estado e de governo da CPLP. Um dos pontos da agenda é a rotação da presidência da comunidade de Cabo Verde para Angola. Os governos da Praia e de Malabo fixaram o fim da presidência cabo-verdiana (de dois anos) como data-limite para a Guiné Equatorial abolir a pena de morte​. Há uns meses, Obiang disse que não podia fazê-lo “de uma penadae, nas conversas com Ribeiro Telles, vários interlocutores sublinharam a complexidade da reforma do CPP, que ainda tem legislação da era colonial.

Na visita, Ribeiro Telles encerrou o Seminário de Formação aos Funcionários Pontos Focais da CPLP, para o qual foram enviados dois técnicos de Lisboa.

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