Antigo primeiro-ministro da Escócia começa a ser julgado por crimes sexuais

Alex Salmond é acusado de 14 crimes. Julgamento pode prejudicar o desejo de Nicola Sturgeon repetir o referendo sobre a independência ainda este ano.

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Alex Salmond ROBERT PERRY/EPA

O antigo primeiro-ministro da Escócia, Alex Salmond, começa a ser julgado nesta segunda-feira em Edimburgo por suspeita de ataques sexuais e tentativas de violação, num processo cujo resultado pode ter consequências políticas.

Salmond, que abandonou a liderança do Partido Nacionalista Escocês (SNP) e do governo escocês em 2014, é acusado de 14 crimes. Diz ser inocente em todos os casos. O político foi acusado de duas tentativas de violação, nove agressões sexual, duas tentativas de abuso sexual e de desordem pública.

Dez mulheres acusam-no de abusos sexuais. De acordo com a documentação judicial, Salmond, de 65 anos, é acusado de tentar violar uma mulher em Bute House, a residência oficial do primeiro-ministro da Escócia, durante a campanha do referendo da independência em 2014. O texto descreve como o acusado pôs as suas pernas em cima das da queixosa, beijou-a repetidamente no rosto e no pescoço, apalpou-a, tirou a sua roupa e tentou violá-la na cama.

A acusação diz que as tentativas de violação ocorreram entre a data em que foi assinado, em 2012, o Acordo de Edimburgo, através do qual o Governo britânico concedeu ao governo autónomo escocês os poderes para realizar o referendo de independência de 2014 (no qual 55% rejeitaram a independência), e 18 de Setembro de 2014, quando ocorreu o plebiscito.

 Segundo a acusação, os crimes ocorreram entre Junho de 2008 a 11 de Novembro de 2014, dois meses depois de Salmond se demitir do cargo de primeiro-ministro de líder do SNP após a derrota no referendo sobre a independência da Escócia, quando foi substituído por Nicola Sturgeon. A chefe de governo escocesa disse que a detenção de Salmond foi “um choque para muitas pessoas”, e não fez mais comentários.

No ano passado, as autoridades iniciaram uma investigação a duas suspeitas de assédio sexual apresentadas por duas mulheres que eram funcionárias de Salmond naquele período.

No início de Janeiro, um tribunal de Edimburgo concluiu que o Governo escocês agiu de forma imprópria na forma como tratou a investigação interna às duas queixas, considerando que o gabinete liderado por Sturgeon violou suas próprias directrizes ao designar como responsável pela investigação interna uma pessoa que tinha um “envolvimento anterior” no caso.

Analistas políticos dizem que este julgamento pode ensombrar as tentativas de Sturgeon de repetir um referendo sobre a independência ainda este ano, cuja autorização o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recusou dar.