Português foi escravizado em Andorra durante 12 anos
Caso só foi descoberto quando o trabalhador sofreu um acidente que o hospitalizou durante duas semanas.
A polícia de Andorra deteve esta semana um agricultor acusado de explorar durante 12 anos um trabalhador português, trabalhando de sol a sol, sem direito a férias nem documentação. Segundo o Diari de Andorra, o português chama-se Julio. O agricultor da localidade de Auvinyà, para quem 84 horas por semana, foi entretanto libertado e aguarda julgamento sob termo de identidade e residência.
Durante nos 12 anos, o português trabalhava entre segunda e sábado numa plantação de tabaco em absoluto anonimato documental e sem ter nenhum contrato. Foi por causa de um acidente de trabalho que sofreu no início de Novembro de 2019 que as autoridades detiveram esta semana o patrão. O jornal conta que emigrante nunca teve um dia de férias durante 12 anos, e que o seu dia de trabalho começava às seis da manhã e terminava às oito da noite, com uma hora de almoço.
Foi ao passear cabras numa colina que, em Novembro, Júlio escorregou, caiu de uma altura de cerca de 70 metros e fracturou anca e costelas, sendo transportado de helicóptero para um hospital, onde acabou por ficar internado quase dois meses. Aguarda agora uma intervenção médica para colocação de uma prótese, e vive actualmente num quarto de um edifício do governo, que partilha com mais quatro pessoas.
O trabalhador não tinha autorização de residência nem seguro de saúde, deixando uma dívida financeira no hospital que acabou por ser assumida pelo departamento de assuntos sociais de Andorra.
O site Arandorra indica que o português não falava catalão ou espanhol.
O conselheiro das comunidades portuguesa em Andorra, José Costa Gonçalves, contactado pela Lusa, não quis para já comentar o caso. A Lusa também tentou, sem sucesso, contactar o cônsul honorário em Andorra, José Manuel Silva.