DGS reforça que alunos não devem faltar à escola mesmo que tenham estado em países onde há casos
Nos últimos dias, e devido ao aumento repentino de casos na Europa, a DGS tem apertado as medidas de segurança para impedir que o vírus se espalhe e que são dirigidas, principalmente, a empresas e a viajantes. Para já existe apenas uma indicação para as escolas: um pedido de ponderação na realização de visitas de estudo ao estrangeiro.
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) volta a reforçar numa recomendação publicada esta quinta-feira à noite na sua página que as crianças não devem faltar às aulas ou os profissionais ao trabalho por causa do surto do novo coronavírus.
“Às crianças, jovens e adultos que regressem de uma área com transmissão comunitária activa do novo coronavírus, como o Norte de Itália, China, Coreia do Sul, Singapura, Japão ou Irão, a Direcção-Geral da Saúde informa que à data, seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe recomendação para evicção escolar ou profissional, ou necessidade de isolamento”, lê-se na nota da autoridade portuguesa da saúde.
Nos últimos dias, e devido ao aumento repentino de casos na Europa, em países que não ficam assim tão longe de Portugal, a DGS tem apertado as medidas de segurança para impedir que o vírus se espalhe. As recomendações da autoridade de saúde portuguesa são dirigidas principalmente a empresas e a viajantes, mas há uma indicação para as escolas: um pedido de ponderação na realização de visitas de estudo ao estrangeiro, emitido pela Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE).
Na nota enviada na quarta-feira às escolas e publicada na página oficial da direcção-geral, a DGEstE “aconselha a ponderação sobre a oportunidade e conveniência de se realizarem visitas de estudo e outras deslocações ao estrangeiro, em particular a países ou a zonas com maior incidência de casos de infecção”.
Entretanto, esta manhã, os pais dos alunos da EB1 de Lagos, em Vila Nova de Gaia, protestaram junto ao estabelecimento de ensino por temerem o contágio dos seus filhos pelo Covid-19, devido à presença de uma criança que recentemente esteve em Milão. Segundo fonte da autarquia, a escola não foi encerrada, mas apenas seis de um total de 90 alunos se encontram nas aulas. Entre os seis alunos que ficaram nas aulas, de acordo com a mesma fonte, não se encontra a criança que esteve em Milão, que optou por ficar em casa.
O delegado da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares deu orientações para que a escola se mantivesse em funcionamento, pelo que, com a ajuda da Escola Segura da PSP, a escola não encerrou, acrescentou a fonte. A Lusa contactou o Agrupamento de Escolas de Valadares, de que faz parte a EB1 de Lagos, da freguesia de Vilar do Paraíso, que não quis prestar declarações, referindo apenas que estão a ser seguidas todas as orientações.
À Lusa, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) afirmou que, até ao momento, as escolas não receberam nenhuma comunicação relativa ao Covid-19, além desta recomendação e de um cartaz informativo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), dirigido às crianças e jovens.
“Nós, directores, estamos a acompanhar ao minuto o evoluir da situação, aguardando que a tutela nos faculte mais informações e os procedimentos a adoptar”, sublinhou Filinto Lima, acrescentando que as escolas se têm limitado a promover, por iniciativa própria, acções de sensibilização dirigidas aos alunos e encarregados de educação, em parceria com médicos e enfermeiros dos centros de saúde locais.
No mesmo sentido, Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) considerou que o mais importante que as escolas podem fazer neste momento é informar a comunidade escolar sobre a epidemia. “Temos tentado, a todo o custo, evitar o alarme social e racionalizar a situação junto dos pais e dos alunos” disse à Lusa o director da associação, acrescentando que o reforço dos cuidados de higiene nas escolas também tem sido uma preocupação.
Sobre a recomendação da DGEstE, Manuel Pereira adiantou que a realização de visitas de estudo ao estrangeiro já era uma situação à qual os directores das escolas estavam atentos, contando à Lusa que no início da semana o Agrupamento de Escolas de Cinfães, que dirige, cancelou a viagem de um grupo de alunos e professores que ia visitar uma escola na região italiana da Toscana.
O primeiro-ministro também desaconselhou esta quinta-feira as viagens de estudantes na altura da Páscoa, apesar de sublinhar que, numa altura em que não há nenhum caso confirmado em Portugal, não se justifica fechar fronteiras ou escolas, afirmando a importância de agir sem “pânicos desnecessários” na questão do coronavírus.