Turismo sobe para 18.431 milhões e balança comercial mantém-se positiva

Saldo comercial com o exterior caiu 45% para 818 milhões em 2019, e balança corrente passou para terreno negativo.

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Turismo pesa 52,2% das exportações de serviços Paulo Pimenta

O sector dos serviços, à boleia do turismo, ajudou a manter a balança comercial positiva em 2019. Mesmo assim, houve uma clara diminuição do saldo das trocas com o exterior, que fechou o ano nos 818 milhões de euros, contra os 1492 milhões do final de 2018 (o que representa uma queda de 45%).

De acordo com os dados do Banco de Portugal divulgados esta quarta-feira, verifica-se houve um agravamento do saldo dos bens, com mais importações e menos exportações, e uma desaceleração dos serviços, suportados pelo turismo (que pesa 52,2% das exportações de serviços). Ao todo o turismo representou a entrada de 18.431 milhões de euros, mais 8% do que em 2018, atingindo assim mais um novo recorde.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) já tinha dado nota de um agravamento do défice nos bens de 2842 milhões de euros, chegando aos 20.399 milhões de euros, mas o Banco de Portugal tem uma contabilidade diferente, colocando o défice de bens nos 16.666 milhões. Seguindo as contas do INE, nem os serviços salvam o défice.

Já a balança corrente, que engloba a balança comercial e os rendimentos primários e secundários, passou de positiva a negativa em 2019, mesmo com uma ligeira subida das remessas dos emigrantes (3%, para 3167 milhões de euros). Assim, passou dos 792 milhões para -182 milhões de euros, de acordo com o Banco de Portugal (cujos dados publicados incorporam revisões desde Janeiro de 2016). A balança de capital teve uma ligeira subida, o que colocou a balança corrente e de capital nos 1871 milhões no final do ano passado, menos 34% do que no ano anterior.

Em relação ao turismo, os dados da actividade turística do INE (mas que incluem também os residentes) já tinham dado uma nota positiva, ao mencionar uma subida de hóspedes, dormidas e proveitos. Assim, em 2019 os mercados externos contribuíram com 48,8 milhões de dormidas (uma subida de 3,3%, acima dos 1,8% de 2018) e os proveitos totais aumentaram 7,3% (uma desaceleração de um ponto percentual face a 2018) para 4276,6 milhões.

Défice a caminho

No seu boletim económico de Dezembro, onde elaborou uma antevisão para a economia portuguesa entre 2019 e 2022, o Banco de Portugal adiantava que “a balança de bens e serviços deverá tornar-se deficitária em 2019, aumentando esse défice ao longo do período de projecção”.

Este cenário reflectia “a evolução da balança de bens que deverá apresentar défices progressivamente maiores, prolongando uma evolução observada desde 2017” e uma “ligeira diminuição” do excedente da balança de serviços “após um aumento expressivo nos últimos anos” impulsionado pelo turismo, seguindo-se e “uma relativa estabilização ao longo do restante período de projecção”. No entanto, de acordo com os dados divulgados esta quarta-feira, houve um crescimento, mesmo que residual, do excedente dos serviços, na ordem dos 0,8%.

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