Rose McGowan ofendida com o vestido de Natalie Portman
A actriz de origem israelita concorda com a activista e avança que chamarem-lhe “corajosa” é “impreciso”.
Depois de ver Natalie Portman desfilar na passadeira dos Óscares, na noite de domingo, com uma capa onde se podiam ler os nomes das realizadoras que não foram nomeadas para os prémios de cinema, a actriz e activista Rose McGowan apelidou a actriz de origem israelita de "fraude”. Portman decidiu não entrar em conflito com McGowan e pôs água na fervura, dizendo: “É impreciso chamarem-me ‘corajosa’ por usar uma peça de roupa com o nome de outras mulheres. ‘Coragem’ é um termo que associo mais fortemente a acções como as das mulheres que testemunharam contra Harvey Weinstein nas últimas semanas, sob enorme pressão incrível.”
Natalie Portman usou um vestido com uma capa Dior negra com os nomes das realizadoras Greta Gerwig (Mulherzinhas), Lorene Scafaria (Ousadas e Golpistas), Lulu Wang (A Despedida) e Melina Matsouka (Queen & Slim). Num post no Facebook, McGowan escreveu que Portman fez “o tipo de protesto que recebe óptimas críticas” da comunicação social, mas que é um tipo de activismo “profundamente ofensivo para aqueles que como nós realmente fazem o trabalho”. A actriz, que é uma das alegadas vítimas de Weinstein, acrescenta que não escreve aquelas palavras por azedume, mas enojada com a atitude da actriz.
McGowan continua a sua crítica avançando que Portman, não só como actriz, mas também como produtora da sua própria companhia, não apoia mulheres realizadoras. A activista lembra que a actriz só trabalhou com duas mulheres (Mira Nair na compilação de curtas-metragens New York, I Love You; e com Rebecca Zlotowski em Planetário dirigido por ) e com ela própria (no filme Uma História de Amor e Trevas, em 2015)
A vencedora do Óscar de Melhor Actriz, em 2011, com o filme Cisne Negro, respondeu às críticas de McGowan, através de um comunicado, onde diz que concorda com as críticas da activista, elogiando-a e lembrando que corajosas são as mulheres que estão a testemunhar contra Weinstein. “É verdade que fiz poucos filmes com mulheres. Na minha longa carreira, só algumas vezes tive a oportunidade de trabalhar com realizadoras.”
“Por vezes, tive a experiência de ajudar mulheres a serem contratadas para projectos dos quais foram forçadas a sair por causa das condições que enfrentavam no trabalho”, escreveu ainda Portman, citada pelo Guardian. “Depois de feitos, os filmes dirigidos por mulheres enfrentam dificuldades para entrar em festivais, ter distribuição e receber prémios. Por isso, quero dizer que já tentei e continuarei a fazê-lo tentando.”
Esta é a 92ª edição dos Óscares e, desde 1929, apenas uma mulher venceu o prémio para a melhor realização, foi Kathryn Bigelow — em 2010 com Estado de Guerra. Em todos estes anos, apenas cinco mulheres foram nomeadas para esta categoria.