Casos de coronavírus a bordo do Diamond Princess duplicam. Tripulantes pedem protecção
Ministro da Saúde japonês confirma 39 novos casos. Cozinheiro do navio queixa-se de falta de medidas de protecção entre os tripulantes e acredita que o contágio será quase inevitável.
Em quatro dias, o número de infectados pelo novo coronavírus a bordo do navio Diamond Princess mais do que duplicou: o número de infectados pelo surto disparou de 64 para 174. Há mais de uma semana que 3600 pessoas estão em quarentena a bordo do navio, uma medida decretada pelo Governo japonês para evitar mais infecções no país. O Diamond Princess está atracado em Yokohama e o período de quarentena tem ponto final marcado para dia 19 de Fevereiro.
Na terça-feira, o ministro da Saúde japonês confirmou 39 novos casos de contaminação pelo Covid-19 — nome oficial adoptado pela Organização Mundial da Saúde para o vírus. Um dos responsáveis de saúde que tinha como função a gestão desta quarentena foi um dos novos infectados. Dos 174 casos registados no Diamond Princess, dez são relativos a tripulantes. Além dos passageiros — o rosto mais visível desta crise — permanecem no navio 1035 funcionários, que se queixam de não terem as mesmas protecções providenciadas aos passageiros do navio. Um cozinheiro falou com o The Washington Post, considerando que o isolamento a que os passageiros se encontram sujeitos também deveria ser aplicado à tripulação.
“Porque não estão a segregar-nos? Não somos parte do navio?”, questiona. O cozinheiro — que permanece anónimo no artigo do jornal norte-americano por medo de represálias — descreve o seu dia, desde que foi decretado a quarentena para o navio: levanta-se às 6h15 e cozinha o dia todo as refeições que são entregues nos compartimentos onde os passageiros se encontram isolados.
Contrariamente ao que acontece com os passageiros, os tripulantes tomam as refeições no mesmo espaço, usam os mesmos pratos e partilham casas de banho. “Cinco empregados de mesa já testaram positivo. Como é que não seremos infectados?”, exaspera. Apesar de a quarentena aplicada aos passageiros durar mais uma semana, não se sabe se os tripulantes também serão colocados em isolamento após o dia 19 de Fevereiro.
O desespero da tripulação é partilhado pelos passageiros. Presos nas cabines e com pouco espaço para se exercitarem, encontram-se impedidos de conviver com os restantes companheiros de viagem — o que, em certas ocasiões, representa estar afastado dos familiares. Os únicos passageiros que tiveram autorização para abandonar o navio foram transportados pelos serviços de emergência para o hospital, onde recebem tratamento. As equipas médicas tentam controlar ao máximo os doentes que apresentem sintomas, de modo a conter a propagação do Covid-19 no interior da embarcação.
Entre estas 3700 pessoas encontram-se oito cidadãos portugueses — cinco tripulantes e três passageiros. De acordo com as mais recentes informações, o grupo de nacionalidade portuguesa encontra-se bem, não apresentando quaisquer sintomas.
Nesta quarta-feira, as autoridades da província de Hubei revelaram que mais 97 pessoas morreram em território continental chinês em 24 horas e que se registaram 2015 novos casos de infecção pelo novo coronavírus. A maior parte das mortes e dos casos de infecção foi registada na China. Só neste país, o Covid-19 provocou mais de 1110 mortos e 44 mil infectados, de acordo com dados das autoridades chinesas e da Organização Mundial da Saúde.
No domingo foi levantada a quarentena no navio-cruzeiro World Dream, depois de os testes aos mais de 1800 passageiros não terem detectado qualquer infectado pelo vírus que teve origem na China. Oito passageiros tinham sido infectados pelo vírus, mas a propagação foi contida com sucesso pelas autoridades.