Este bolo de bolacha anda nas bocas do mundo. E tem boas razões para isso
Receita criada no restaurante Canastra do Fidalgo vai da tv às redes sociais e não pára de conquistar fãs. Leandro Mota e Joana Martins dizem que o segredo está na qualidade dos ingredientes. Extra: artigo bem recheado com a receita.
[Local temporariamente encerrado como medida preventiva face à covid-19, actualizações no Facebook]
Natas, leite condensado cozido, café, bolacha Maria e creme de ovos de Aveiro. A lista de ingredientes é curta e a receita também se afigura bastante simples. E sim, à primeira vista também parece um bolo de bolacha igual a tantos outros. A confirmação só chega com a prova: o bolo de bolacha do restaurante Canastra do Fidalgo, na Costa Nova, Ílhavo, merece a fama que tem conquistado, na televisão (caso d’ O Programa da Cristina), nas redes sociais e fora delas. Uma delícia de doce que não pára de conquistar fãs e à qual já chamaram de “o melhor bolo de bolacha do mundo”. O segredo? “A qualidade dos ingredientes”, refere Joana Martins, uma das chefs da casa. Leandro Mota, companheiro de vida e de profissão, acrescenta mais um detalhe: “A paixão que temos pelo produto”.
Sem reservas, Leandro e Joana abriram as portas da cozinha do Canastra do Fidalgo à Fugas, demonstrando, passo a passo, como é confeccionada a famosa sobremesa do restaurante. Não têm problema em divulgar a receita. “Sabemos que haverá sempre quem prefira vir comer o original, ao restaurante, com esta envolvência.” Estamos em plena Avenida José Estêvão, de frente para a ria, num de vários edifícios pintados às riscas (número 240). Naquela tarde, coube a Joana confeccionar os bolos de bolacha da casa, mas a verdade é que “todos no restaurante sabem fazer o bolo”, assegura.
O processo é relativamente simples: quatro camadas de bolacha embebida em café, duas camadas com o creme do leite condensado cozido e três camadas do creme de natas, tudo devidamente alternado. Seguem-se “três a quatro horas de frio” e, no final, ao desenformar, “a bolacha esmigalhada, o creme de ovos de Aveiro e uns grãos de café”. “Que têm de ser trincados”, avisam-nos, na altura em que damos início à prova.
Uma receita herdada
O “era uma vez” deste bolo de bolacha remonta à fase da anterior gerência do restaurante Canastra do Fidalgo. O que Leandro Mota e Joana Martins fizeram foi pegar na receita herdada – e já por si famosa – e aprimorá-la. Pequenas adaptações, como optar por natas vegetais ou retirar “o açúcar que era colocado no café”, especificam. Na verdade, o único açúcar – se é que é possível dizer isto, único... – que esta sobremesa leva é o que já está presente no leite condensado, nas bolachas e no creme de ovos de Aveiro.
Esta doce maravilha é vendida à fatia (5 euros), com as opções, sujeitas a encomenda, de adquirir o bolo inteiro (35 euros) ou o “gigante”, com 3,6 quilos (100 euros). Uma sobremesa que é especialmente procurada por quem chega de fora, influenciado pelas fotografias e comentários que vão enchendo aplicações como o TripAdvisor. Já os clientes habituais da casa são mais dados a outras tentações doces da casa, com especial destaque para o bolo de chocolate (72% de cacau) com gelado de amendoim e molho de caramelo salgado. Uma receita do próprio Leandro que não fica nada atrás do doce de bolacha – sim, também provámos o bolo de chocolate. “Há clientes que até acham que o bolo de chocolate supera o de bolacha”, reparam.
Também no que toca a esta outra doce tentação, o segredo está na “qualidade dos ingredientes”, desvenda Leandro, sem deixar de notar que essa é a verdadeira matriz do restaurante que têm vindo a gerir há dois anos. “Trabalhar com o produto fresco e local, tanto mais porque esta é uma região com uma grande riqueza de produtos, tanto na agricultura como na ria”, vinca – o peixe e o marisco são as grandes especialidades da casa.
Depois de terem estado alguns anos a trabalhar fora, Leandro e Joana garantem dar agora mais valor à “grande oferta de produtos frescos” da região de onde são naturais. Conheceram-se na Escola de Hotelaria de Coimbra – ele formou-se em cozinha, ela em serviço de mesa – e namoram há “quase seis anos”. Cabe a Leandro, como seria de esperar, liderar a cozinha, mas sem menosprezar os dotes de doceira da Joana. “Apesar de ser da área do serviço de mesa, gosto desta parte dos doces, tanto mais porque trabalhei numa unidade de doces regionais, em Albergaria”, declara. Em breve, e em conjunto, vão ter de começar a escolher o bolo de noiva, mas o bolo de bolacha não deve ser uma opção. “Ainda está por decidir, mas acho que não”, comenta Leandro.