Coronavírus leva companhias aéreas a retirar refeições quentes, jornais, toalhas e mantas
A modificação temporária das ofertas nos voos provenientes da China continental têm em vista reduzir ao mínimo as possibilidades de transmissões infecciosas.
Na sequência da propagação do coronavírus, várias companhias aéreas estão a modificar temporariamente as ofertas nos voos provenientes da China, na esperança de cortar em interacções infecciosas entre passageiros e membros de tripulação.
A Cathay Pacific Airways, de Hong Kong, e a China Airlines, de Taiwan, assim como as transportadoras taiwanesas Mandarin Airlines e Tigerair Taiwan, estão entre as que estão a implementar mudanças em resposta ao surto.
Desde segunda-feira, as taiwanesas China Airlines e Mandarin Airlines deixaram de distribuir refeições quentes, guardanapos de pano, mantas, almofadas, toalhas, revistas e jornais, nos voos entre Taiwan, China continental e Hong Kong. Os passageiros podem pedir bebidas e fones descartáveis, ainda. A Tigerair Taiwan interrompeu os serviços duty-free e removeu todos os itens dos bolsos traseiros dos assentos, excepto as informações de segurança e sacos para vómito.
A China Airlines não respondeu ao pedido de comentários do Washington Post.
Na quarta-feira, a Cathay Pacific Airways anunciou que ia tomar precauções semelhantes, alterando temporariamente todos os serviços de voo em todos os voos da Cathay Pacific e da Cathay Dragon, de e para a China continental. A transportadora já não oferece cobertores, revistas e toalhas quentes em voos dentro da China Continental, nem efectua vendas duty-free nos voos. Também está a alterar o serviço de refeições nas cabinas de primeira classe e business, e acabou com os serviços de bar. Nas cabinas de económica, os passageiros em voos de médio a longo curso na China continental vão ser servidos com um lanche em embalagem descartável.
“Este serviço modificado a ser oferecido é uma medida estritamente temporária, designada a fortalecer os nossos protocolos de saúde e segurança, à luz da situação em desenvolvimento que diz respeito aos casos do coronavírus na china Continental”, disse o Cathay Pacific Group em comunicado. “Estamos a monitorizar a situação de perto e vamos continuar a coordenar-nos com as autoridades de saúde em Hong Kong e em todos os aeroportos para os quais operamos voos.”
Na quinta-feira, a Organização Mundial de Saúde declarou o surto de coronavírus uma emergência global de saúde pública. Em resposta, os Estados Unidos declararam o nível mais alto de alerta nas recomendações aos que viajam para a China. Vinte aeroportos em todo o país estão a expandir o rastreio da nova estirpe do coronavírus, e uma dúzia de transportadoras, incluindo a Delta Airlines e a American Airlines, estão a paralisar todos os voos para a China continental.
Para os que viajam de avião, não é claro se medidas como evitar refeições quentes e cobertores são úteis para esquivar a infecção, porque a informação sobre a nova estirpe do coronavírus está ainda em desenvolvimento.
“Há muito sobre este vírus de que ainda não temos a certeza, portanto, fará sentido restringir esses serviços?”, pergunta-se Lin Chen, médica e directora do Travel Medical Center no Mount Auburn Hospital em Cambridge, no Massachusetts. “Algumas restrições farão sentido, outras, quem sabe. Ainda não temos muitos dados, é essa a parte difícil.”
Enquanto as autoridades de saúde trabalham para entender o vírus, a Dra. Chen recomenda lavar bem as mãos, especialmente após o toque de superfícies comuns, sendo essa a melhor técnica de prevenção, assim como tocar na face.
Apesar de a Dra. Chen não ser contra o uso de máscaras como precaução num voo, acredita que pode dar às pessoas uma sensação falsa de segurança.
“Autoridades de saúde pública não recomendaram o uso de máscaras em aviões ao público em geral”, diz a Dra. Chen, que também é professora adjunta de medicina na Harvard Medical School.
Mas para os que queiram essa precaução adicional, a Dra. Chen sugere usar uma máscara cirúrgica N95.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post