Isabel dos Santos sai do banco Eurobic

Banco liderado por Teixeira dos Santos anunciou que participação de Isabel dos Santos está à venda e já existem “interessados”.

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Miguel Manso

Isabel dos Santos, maior accionista do banco Eurobic, está de saída desta instituição financeira e já renunciou aos seus direitos de voto. De acordo com as informações do banco liderado por Teixeira dos Santos, a empresária “tomou a decisão de saída da estrutura accionista do EuroBic”, onde é dona de 42,5%.

No documento enviado às redacções, o banco diz que a informação agora comunicada surge “no quadro das diligências que têm vindo a ser promovidas pelo conselho de administração do EuroBic, com vista a salvaguardar a confiança na instituição”.

Segundo o banco, o negócio da venda da posição accionista já foi iniciado e há interessados, o que, garante, assegura “a sua concretização a muito breve prazo”. “Uma vez que tal decisão de saída é definitiva e irá concretizar-se o mais brevemente possível, a accionista renunciou desde já e em definitivo ao exercício dos seus direitos de voto”, refere a instituição financeira, que cresceu em Portugal após a compra do BPN ao Estado (entrando assim no segmento do retalho).

Na segunda-feira, o banco já havia anunciado o corte da “relação comercial” com Isabel dos Santos por receio da percepção pública de que “possa não cumprir integralmente as suas obrigações” pelo facto de ter a filha do ex-presidente de Angola como accionista de referência.

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O antigo ministro da Indústria e Energia de Cavaco Silva, Luís Mira Amaral, foi o homem que liderou o EuroBic (antigo banco BIC) desde o início e conduziu a sua expansão até à entrada de Teixeira dos Santos, em 2016.

Com a saída de Isabel dos Santos do capital da instituição, os administradores não executivos que a representavam já apresentaram a sua renúncia, “com efeitos imediatos”. “De todas estas decisões”, diz a instituição, já foi dado “conhecimento prévio ao Banco de Portugal”.

Sai Rui Lopes, que testemunhou no processo que Isabel dos Santos perdeu recentemente em tribunal contra a ex-eurodeputada Ana Gomes, e sai também Vanessa Loureiro.

Nos órgãos sociais da instituição está ainda o advogado de Isabel dos Santos, Jorge Brito Pereira, como presidente da mesa da assembleia-geral de accionistas. Brito Pereira, que é sócio da Uría Menéndez - Proença de Carvalho, é um dos nomes mencionados no Luanda Leaks por estar associado a um veículo offshore no Dubai que recebeu mais de 100 milhões de dólares provenientes da Sonangol, no momento em que Isabel dos Santos foi afastada da presidência da petrolífera.

Com a saída do EuroBic, Isabel dos Santos passa a ter como investimentos relevantes em Portugal a Efacec, de que é a maior accionista, a Galp, onde tem uma posição indirecta através de uma parceria com a Sonangol (onde reside precisamente um dos seus litígios com o Estado angolano) e com as descendentes de Américo Amorim. 

Está também na operadora de telecomunicações Nos, onde tem uma parceria com a Sonae que já conheceu melhores dias. Na segunda-feira, o grupo liderado por Cláudia Azevedo assumiu estar a seguir com “atenção e preocupação” as informações reveladas no âmbito da investigação do consórcio internacional de jornalistas de investigação (ICIJ, na sigla em inglês) conhecida por Luanda Leaks. Nomeadamente, aquelas que envolvem os administradores não executivos da empresa que são mencionados nos Luanda Leaks: Jorge Brito Pereira, Mário Leite da Silva e Paula Oliveira.

A Sonae garantiu que os “órgãos competentes” da Nos vão avaliar “a situação de forma rigorosa e com sentido de urgência” e, nesta quarta-feira, o Jornal de Negócios noticiou que estes responsáveis vão ser ouvidos pelo Comité de Ética da operadora.

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