Novo vírus da pneumonia que está a afectar a China já chegou aos EUA
Washington registou caso de cidadão infectado com o novo coronavírus, originário da China. Centros de Controlo e Prevenção de Doenças norte-americanos vão realizar conferência de imprensa esta terça-feira.
O novo coronavírus responsável por um surto de pneumonia na China chegou aos Estados Unidos, confirmaram esta terça-feira os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês). O doente tinha regressado há poucos dias de Wuhan, o epicentro do surto, e com este caso são já cinco os países que registam doentes infectados além da China – Japão, Tailândia, Coreia do Sul, Taiwan e agora os Estados Unidos.
As autoridades de saúde norte-americanas identificaram um homem, com cerca de 30 anos e residente no estado de Washington, infectado pelo coronavírus, após ter regressado de uma viagem até Wuhan. “O doente procurou assistência numa instituição médica no estado de Washington, onde foi tratado. Dado o registo de viagem e sintomas, os profissionais de saúde suspeitaram do novo coronavírus. Uma amostra clínica foi recolhida e enviada para os CDC, onde testes laboratoriais confirmaram, esta segunda-feira, o diagnóstico”, informa a instituição em comunicado.
O homem entrou no país a 15 de Janeiro, antes de as autoridades norte-americanas terem instalado pontos de rastreio nos aeroportos de Nova Iorque, São Francisco e Los Angeles. À chegada a solo norte-americano, os passageiros de voos provenientes desta região chinesa são agora avaliados pelas equipas de saúde, numa tentativa de detectar atempadamente possíveis casos de infecção do coronavírus. Estas medidas de segurança nos aeroportos foram imitadas por vários outros países.
No total, foram registados 216 casos de infecção com o coronavírus, sendo que 51 pessoas encontram-se em estado grave e 12 em estado crítico. O número de mortes subiu esta terça-feira, depois de se confirmar a morte de mais três pessoas infectadas. São já seis pessoas que morreram na sequência deste surto.
O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou na segunda-feira que a prioridade das autoridades chinesas é conter o surto e salvar vidas, numa altura em que milhões de chineses viajam pelo país para as festividades do Ano Novo chinês, que começam esta semana. “A vida e saúde das pessoas devem ser a grande prioridade e a disseminação do surto tem de ser controlada”, afirmou Xi Jinping em declarações à televisão estatal.
De acordo com os números apresentados pela comissão nacional de saúde e citados pela BBC, mais de 300 pessoas estão infectadas com o novo vírus um pouco por toda a China, mas estudos científicos apontam para que o vírus tenha atingido 20 cidades só nos primeiros 17 dias do ano. A equipa de Neil Ferguson, do Centro de Análise Global de Doenças Infecciosas do Imperial College de Londres, acredita que o número de pessoas infectadas supere em muito o valor reconhecido pelas autoridades locais. Estes investigadores britânicos estimam que mais de 1700 pessoas tenham sido infectadas por este vírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a considerar uma declaração de emergência de saúde pública internacional – como aconteceu com a gripe suína e com o vírus do ébola –, mas a decisão só vai ser tomada nesta quarta-feira. A maior parte dos casos parece estar relacionada com um mercado de marisco da cidade de Wuhan, mas as autoridades chinesas já admitiram que alguns dos infectados pelo coronavírus “não tinham um historial de contacto” com este local de comércio que se acredita estar no centro do surto”. O caso identificado nos Estados Unidos, por exemplo, é um dos que aparenta não ter ligação com o mercado: a CNN diz que o homem garantiu não ter visitado este ponto da cidade.
Soube-se, esta segunda-feira, que a doença é transmissível entre humanos, o que aumenta o potencial de transmissão. Noutro comunicado, a comissão de saúde de Wuhan, cidade onde se pensa que este surto possa ter começado, informou que 15 funcionários das equipas médicas que mais contacto tiveram com estes doentes estão infectados com o mesmo coronavírus. Um deles está em condição crítica, informa a BBC.
Em Taiwan, foi também confirmado esta terça-feira o primeiro caso de uma infecção do género. Trata-se de uma mulher de 50 anos que tinha regressado de Wuhan esta segunda-feira. O Centro de Controlo de Doenças de Taiwan relatou à agência Reuters que a mulher foi encaminhada directamente do aeroporto para o hospital com sinais de febre e tosse.