Chegada do El Corte Inglés ao Porto motiva mais uma petição
Mais de 80 cidadãos já subscreveram petição contra destruição de património ferroviário existente na rotunda da Boavista.
Depois de uma carta aberta, uma petição pública. Mais de 80 pessoas já assinaram o documento que reclama a preservação da antiga estação ferroviária Estação Porto-Boavista e pede um travão ao projecto do El Corte Inglés nesses terrenos. À Assembleia da República é pedida uma discussão do tema em plenário e diversas recomendações à tutela.
A mensagem tem diversos destinatários. Aos ministros das Finanças e das Infraestruturas é pedido que “não desafectem os terrenos” em causa do “domínio público ferroviário, inviabilizando assim a concretização do projecto imobiliário do El Corte Inglés”. A Pedro Nuno Santos, com a pasta da habitação e infraestruturas, é solicitado que instrua a Infraestruturas de Portugal a “rescindir o(s) contrato(s) de promessa compra e venda” assinados com o grupo espanhol e que negoceie com a Câmara do Porto uma “eventual cedência dos ditos terrenos, na condição de se lhes ser dado um uso urbanístico que promova o seu usufruto público por parte das populações e contemple, de forma inequívoca e obrigatória, a preservação e reutilização do património ferroviário ali presente”.
É pedido ainda à Ministra da Cultura, Graça Fonseca, “que promova a classificação, preservação e protecção daquele património ferroviário, que é parte integrante da história e da memória de Portugal e do Porto”. Esse pedido já deu oficialmente entrada, no dia 8 de Janeiro, na Direcção-Geral de Património Cultural.
A Estação ferroviária do Porto-Boavista foi inaugurada a 2 de Outubro de 1875, meses antes da Estação de Campanhã, e foi a estação central da Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa de Varzim e Famalicão. “Durante mais de cem anos, serviu o movimento ferroviário de passageiros e mercadorias do Porto, contribuindo para a expansão urbanística da cidade na direcção da Boavista e para o estabelecimento de mobilidades suburbanas no eixo Porto-Póvoa de Varzim-Famalicão-Guimarães”, refere a petição.
A estação seria encerrada no início deste século, ficando ao abandono. Mas constitui “um excelente exemplo da arquitectura ferroviária de finais do século XIX em Portugal”, sublinha a petição, referindo um estado de conservação razoável, pelo menos do exterior.
Além disso, acrescentam, “os terrenos circundantes, para onde se prevê o projecto imobiliário do El Corte Inglés, contêm ainda alguns resquícios da actividade ferroviária, como a estrutura da cobertura da gare de passageiros e o que aparenta ser uma antiga rotunda de locomotivas, usada para inverter a direcção da marcha”. Caso a empresa espanhola instale nestes terrenos o centro comercial isso teria como consequência a “destruição deste valiosíssimo património”, lamentam.
Uma outra petição, pedindo que ali seja construído um espaço verde, e não “mais um centro comercial”, já foi subscrita por mais de 4450 pessoas. O projecto ainda está numa fase preliminar, tendo sido entregue, para já, um pedido de informação prévia por parte do grupo espanhol, que ainda está a ser analisado pelo município.