Proposta para o El Corte Inglès devia ter estudo de tráfego
Vereador do Urbanismo revelou que cadeia espanhola foi notificada por incumprimento do estudo de cérceas. E admitiu a inexistência de um estudo em relação ao tráfego, algo que será pedido
Manuel Pizarro levou ao executivo uma proposta que ficou sem resposta. Mas que acabou por trazer novas sobre o caso do El Corte Inglès, que quer instalar um espaço comercial com estacionamento subterrâneo junto à Rotunda da Boavista. Propunha o vereador socialista que o Pedido de Informação Prévia para este projecto, que já deu entrada na autarquia, fosse votado e debatido numa reunião do executivo, dizendo que existe “latitude suficiente” para não o aprovar.
Pedro Baganha, vereador do Urbanismo, revelou a existência de uma “primeira interacção negativa” com a cadeia espanhola, por incumprimento do estudo de cérceas determinado pela câmara. “Houve uma primeira notificação de não cumprimento dessas prescrições. É esse o ponto de situação”, disse.
O que não existe é um estudo de tráfego, disse Pedro Baganha, com a confirmação prévia da vereadora Cristina Pimentel. “Se não existe, do meu ponto de vista deve existir. É essa a sobrecarga que este equipamento introduz e deve ser calculada.”
A questão da mobilidade, que há muito entrou no debate, é “prioritária” para a autarquia e a pergunta à qual têm de responder é, para Pedro Baganha, simples: “Faz ou não sentido este uso neste local e nas condições em que esta a ser proposto"?
O vereador voltou a frisar que considera ser “muito difícil” argumentar que o comércio não é compatível com a função residencial, dizendo que a “latitude de intervenção do município do Porto no que diz respeito aos usos com o actual PDM é relativamente diminuta”.
O socialista Manuel Pizarro não concorda. A confirmar-se a instalação do El Corte Inglès na Rotunda da Boavista, onde haverá um parque de estacionamento de grande capacidade, essa opção é “contraditória” com o objectivo de diminuir a circulação automóvel na cidade. E impossíveis não existem, sublinhou, dando o exemplo da construção do Centro Materno Infantil do Norte, onde a “administração, o Estado e o Ministério da Saúde tiveram de resolver importantes questões relacionadas com a mobilidade, antes de poder ter a aprovação desse projecto”.
Como o PÚBLICO avançou, para o terreno da Infra-estruturas de Portugal está previsto, além do espaço comercial, um hotel e de um edifício de habitação, comércio e serviços. Até agora, a cadeia espanhola já pagou, como sinal, 18,7 milhões de euros.