Portugueses entregam toneladas de alimentos e água a vítimas dos fogos na Austrália

Tudo “começou com uma ideia e um post no Facebook e depois foi crescendo”, disse o organizador, que vive desde os 12 anos em Sydney.

Foto
epa/SEAN DAVEY

Um grupo composto sobretudo por portugueses entregou este domingo toneladas de alimentos, água e outros víveres numa zona a sul de Sydney para apoio a comunidades afectadas pelos incêndios florestais na Austrália.

“Começou com uma ideia e um post no Facebook e depois foi crescendo”, contou à Lusa Ricardo Marques, 41 anos, que vive desde os 12 em Sydney, para onde imigrou, de Portugal, com os pais.

Marques contou à Lusa que a ideia começou na família e amigos, mas que rapidamente foi crescendo, com as redes sociais a levarem muitos desconhecidos a entregar comida, água, fraldas e outros bens para apoiar populações afectadas.

Mais de uma dezena de camiões, entre dez e 12 carrinhas, algumas com atrelados e outros carros seguiram este domingo em coluna desde os arredores de Sydney para a zona de Batemans Bay, na costa sul de Nova Gales do Sul.

Foi apenas um gesto de solidariedade, diz Ricardo Marques, que sublinha o facto de se terem juntado à iniciativa “pessoas que nem sequer conhecia”, mas quiseram apoiar, permitindo juntar 30 toneladas de material.

“Tinha camiões para levar as coisas e por isso pensei em pôr uma mensagem no Facebook a ver se alguém queria contribuir, ajudar”, disse. “Houve muita gente que foi ao nosso armazém levar coisas. Pessoas que não conheço, não sei quem são sequer. Deixaram comida enlatada e outras coisas. Reunimos tudo e hoje fomos entregar”, explicou.

A coluna de veículos descarregou o material doado junto de um dos pontos estabelecidos próximo de Batemans Bay, a sul de Sydney. “O exército vai agora distribuir tudo a pessoas em algumas zonas muito afectadas, mais remotas”, disse.

A viagem permitiu ver algumas das zonas destruídas pelos fogos que em todo o país já causaram 28 mortos, destruíram mais de 2200 casas e queimaram uma área maior que Portugal. “É uma destruição devastadora. São os maiores fogos de que me lembro aqui”, afirma o emigrante português.

Ricardo Marques explicou que ainda está a pensar se fará ou não uma segunda recolha, visando especialmente apoio a animais – estima-se que morreram mais de mil milhões de animais em todo o país.

Este domingo, a coluna deixou já mais de 250 litros de combustível para apoiar o jardim zoológico perto de Batemans Bay, que está a sentir grandes dificuldades para apoiar os animais no parque e na região.