Vila Real abate meia centena de árvores na avenida principal para depois lá plantar mais árvores
Para aquela zona ser requalificada as tílias desapareceram. O abate gerou contestação, mas autarquia diz não existir alternativa e adianta que o número de árvores vai aumentar.
Até à passada segunda-feira, a avenida Carvalho Araújo, em Vila Real, tinha 57 árvores. No final do mesmo dia só sobrava uma. A avenida ficou sem sombra por agora, mas a autarquia garante que é por pouco tempo e que a área verde vai até crescer. No âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), aquela zona central da cidade entrou em obras para ser transformada. O corte quase total da zona arborizada gerou alguma contestação, mas a câmara diz que para a empreitada avançar não havia outra solução, garantindo que no final da mesma o número de árvores vai aumentar.
A obra não foi contestada, mas o corte quase total das tílias que ali estavam, algumas há mais de cinquenta anos, não agradou ao núcleo regional da Quercus, que, de acordo com a Lusa, alerta para o impacto ambiental que o abate pode ter no centro da cidade. <_o3a_p>
A autarquia diz não ser possível avançar com a requalificação sem danos colaterais para as árvores e sublinha terem sido feitos esforços para transplantá-las provisoriamente para outro local para mais tarde voltarem à mesma zona. Pela idade avançada de algumas adianta não ter sido exequível fazê-lo e, noutros casos, por uma questão de segurança - “algumas tinham dezenas de metros de altura” -, entendeu-se que o melhor seria abatê-las definitivamente. Estima-se que menos de meia dúzia tenham condições para serem replantadas.
Há uma tília que sobrevive junto ao edifício dos CTT, por se enquadrar no projecto definido para a principal avenida de Vila Real, que passará a ter só uma via de trânsito automóvel com dois sentidos, “privilegiando-se novas zonas verdes e a mobilidade” dos peões. As outras já lá não estão, mas a autarquia adianta, e o projecto tornado público em 2018 confirma-o, que daqui a 15 meses (data estipulada para conclusão da obra) existirão no local 76 árvores, sendo que apenas uma não é nova.
Na sequência do abate a Quercus avançou com uma petição online, já encerrada, que reuniu 837 assinaturas, que já deu entrada na câmara. Segundo a Lusa, diz o documento que “não houve qualquer tipo de preocupação ambiental, nem qualquer tentativa de se elaborar um projecto de reabilitação que contemplasse a manutenção das árvores e canteiros existentes na avenida, essenciais para o bem estar e qualidade de vida das pessoas que frequentam esse espaço público”.
Em resposta a autarquia afirma que, pelo contrário, o objectivo é “beneficiar o ambiente através da redução dos níveis de poluição atmosférica e sonora”, contribuindo também para “a redução da sinistralidade rodoviária”.
Ao PÚBLICO a autarquia diz que a obra em marcha - orçada em aproximadamente 2 milhões de euros, comparticipada em 85%, do valor total de um PEDU que ronda os 7,2 milhões de euros -, não só não afectará o ambiente como o beneficiará com o aumento de número de árvores e de espaços verdes. Sublinha ainda que em parceria com a Quercus existe um plano para no espaço de cinco anos serem plantadas mais 1 milhão de árvores no concelho. Actualmente já foram plantadas 300 mil.
Acreditando não existirem projectos urbanísticos que “agradem a todos” a autarquia afirma não existirem mais alternativas: “Ou se requalificava a praça ou não se cortavam as árvores e ficava tudo na mesma”.<_o3a_p>