TST altera os horários de 28 carreiras e elimina quatro

Das quatro carreiras suprimidas, duas delas faziam ligação directa entre Lisboa e dois pontos diferentes da margem sul. A empresa não oferece qualquer explicação para as mudanças.

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Rui Gaudêncio

A Transportes Sul do Tejo (TST) cortou quatro carreiras — duas delas com ligações directas a Lisboa — e fez alterações em mais de 20 horários e percursos, anunciou a empresa de transportes públicos nesta segunda-feira em comunicado, no qual não explica as motivações destas mudanças.

Das quatro carreiras suprimidas, duas delas faziam ligação directa entre a Praça de Espanha, em Lisboa, e dois pontos diferentes da margem sul do Tejo:

  • a carreira 168 até à Torre da Marinha, no Seixal;
  • carreira 260 até Sesimbra.

Também a carreira 583, entre Cacilhas e Setúbal, e a 101A, entre Cacilhas e o Cristo Rei, foram suprimidas.

As alternativas apresentadas para cada um dos casos obrigam a utilizar outro tipo de transportes. No caso da 168, a TST apresenta como alternativa o transporte fluvial ou o ferroviário sobre o Tejo. No caso da carreira 583, a alternativa apresentada obriga a vários transbordos dentro do universo TST – sendo que pelo menos uma das carreiras sugeridas também sofreu cortes na frequência, especialmente nos dias úteis.

Há mudanças nos horários de pelo menos 28 linhas, acrescenta a empresa em comunicado: 101, 107, 120, 133, 160, 162, 169, 176, 191, 203, 207, 211, 222, 223, 228, 229, 240, 243, 317, 318, 333, 431, 432, 435, 437, 453, 454 e 565. Na maioria delas, a frequência – que já era baixa – sofreu novos cortes. Algumas deixam de circular ao fim-de-semana, como é o caso da carreira 169, entre o Marquês de Pombal e Santa Marta do Pinhal, que tinha quatro partidas aos sábados e domingos até esta segunda-feira.

No caso da carreira 191 foi alterado o percurso: começa e termina agora na estação ferroviária de Corroios. Antes acabava em Vale de Milhaços e seguia até Cacilhas.

A TST não oferece qualquer explicação para estas alterações. Contactada pelo PÚBLICO, a empresa ainda não respondeu às perguntas colocadas.

A introdução do novo passe Navegante, que permite usar todos os transportes da Área Metropolitana de Lisboa por 40 euros, fez aumentar a procura dos serviços da TST. De acordo com o último balanço da empresa, de Novembro, a TST registou “um significativo aumento na procura dos serviços” entre Abril (mês de entrada em vigor do passe) e Setembro, com mais 2,4 milhões de passageiros, o que corresponde a um incremento de 400 mil utentes por mês e a um “crescimento médio de 14%”.

Autarquias pedem regresso aos antigos horários

A Câmara da Moita afirma ter sido “surpreendida pelo anúncio feito pela TST na passada sexta-feira” e acusa a empresa de ter implementado as alterações sem “a necessária autorização da Área Metropolitana de Lisboa (AML)”.

“A câmara Municipal da Moita já hoje [segunda-feira] esteve em contacto com a AML e está a acompanhar as diligências desta entidade para a resolução da situação criada”, lê-se no comunicado enviado às redacções. A autarquia refere que “não é admissível que as operadoras de transportes continuem a decidir unilateralmente sobre horários e carreiras” e salienta a “indiferença pelas necessidades e interesses dos utentes”.

A supressão e alteração dos horários de várias carreiras afectam o concelho da Moita, “designadamente a carreira 333”, entre o Vale da Amoreira e Lisboa, que perdeu alguns horários. “A Câmara Municipal da Moita repudia totalmente a opção dos TST e exige a reposição imediata dos horários e carreiras em vigor até à passada semana.”

Na mesma linha, a Câmara do Seixal lamenta a supressão de quatro carreiras e vários horários, alegando que “a degradação dos serviços dos TST” dificulta a vida dos munícipes, “pelo que entende a autarquia que é urgente que se reforce a oferta de carreiras, em vez de diminuírem”. A autarquia anunciou que irá enviar ao Ministério do Ambiente “um ofício para que sejam rapidamente diligenciadas medidas para reverter esta situação”.

Citado em comunicado, o autarca do Seixal Joaquim Santos afirma que a reorganização da TST resultou “em cortes nas carreiras e em menores frequências, reduzindo significativamente o direito à mobilidade “. O presidente da câmara acrescenta também que “tem-se também verificado o desinvestimento na frota, quer através da redução do número de viaturas operacionais, quer pela notória falta de manutenção das condições de segurança e conforto dos passageiros, bem como das condições de trabalho dos motoristas do transporte rodoviário”.

“No momento em que os municípios estão a investir na mobilidade e no incentivo à utilização dos transporte públicos, nomeadamente através do passe social intermodal a baixo custo, numa altura em que se coloca como necessário e urgente o combate às alterações climáticas, é incompreensível a medida tomada pela TST”, salienta.

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