Três casos de violência contra médicos em menos de uma semana
O fenómeno das agressões a profissionais de saúde tem assumido cada vez maior relevância, com as queixas por violência, sobretudo contra médicos e enfermeiros, a não pararem de aumentar.
Um casal de médicos terá sido agredido no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, a 31 de Dezembro, por um utente que, alegadamente, esperou quatro horas para ser atendido nas urgências.
Este é o terceiro caso revelado de agressões contra profissionais de saúde em menos de uma semana.
Segundo o Jornal de Notícias, este episódio teve lugar no Hospital de São Bernardo quando o utente começou por agredir verbalmente e ameaçar a médica que o atendia, o que a obrigou a pedir ajuda ao seu marido, clínico na mesma unidade de saúde de Setúbal.
O utente terá depois, ao que refere ao JN, sequestrado os dois profissionais de saúde no interior do gabinete, onde os terá agredido com cadeiras e a mesa. O médico terá também entrado em confronto físico com o paciente, e foi um agente da PSP, de serviço no hospital, a travar o conflito, quando arrombou a porta e forçou a entrada na sala.
Esta versão foi confirmada à agência Lusa pela PSP de Setúbal que disse que foi chamada a intervir por um vigilante do Hospital São Bernardo e adiantou que o agente policial teve de partir o vidro da porta para conseguir entrar no gabinete médico, que se encontrava fechado, e “separar os intervenientes”, dois médicos e um utente.
De acordo com o departamento de Relações Públicas do Comando Distrital de Setúbal da PSP, foram recolhidos depoimentos contraditórios dos intervenientes, pelo que, naquele momento, não foi possível determinar quem terá fechado a porta do gabinete médico ou se terá havido agressões.
Já o Hospital nega. Em comunicado o Centro Hospitalar de Setúbal informou o seguinte:"Um doente que aguardava ser atendido no Serviço de Urgência Geral exaltou-se verbalmente, contudo a situação foi resolvida pelos profissionais que se encontravam de serviço, sem registo de agressão”.
Apesar das versões contraditórias, este incidente terá acontecido no mesmo dia em que um médico de família, de 66 anos, foi também agredido no atendimento complementar do Centro de Saúde de Moscavide (arredores de Lisboa).
O clínico descreveu no Facebook a agressão com “socos” e “pontapés” de que terá sido alvo ao início da tarde de terça-feira, depois de se ter recusado a renovar a baixa a um utente de 21 anos.
Apenas quatro dias antes, dia 27 de Dezembro, uma médica também foi agredida com violência por uma utente no serviço de urgência do hospital de S. Bernardo, em Setúbal.
Teve mesmo de ser transferida para Lisboa, onde foi sujeita a uma pequena cirurgia a um olho no hospital de S. José.
A aguardar por ser atendida no serviço de urgência, a utente decidiu entrar no gabinete da médica e agredir a clínica, puxando-lhe os cabelos e enfiando-lhe um dedo no olho, segundo adiantou o Jornal de Notícias.
A agressora foi identificada pela polícia no local e mais tarde acabou por ser libertada.
O fenómeno das agressões a profissionais de saúde tem assumido cada vez maior relevância, com as queixas por violência, sobretudo contra médicos e enfermeiros, a não pararem de aumentar, desde que foi criado um sistema de notificação para este efeito na Direcção-Geral da Saúde.
Nos últimos anos as queixas dispararam. No primeiro semestre deste ano, aumentaram de novo, atingindo um valor recorde. Entre Janeiro e Junho, registaram-se 637 notificações, quando no mesmo período do ano passado tinham sido 439. Mas este total de notificações envolve desde casos de assédio moral, até episódios de violência física, que são menos frequentes (pouco mais de 10% do total). Já a violência verbal a representar cerca de um quinto do total das notificações.