Exposição
O muro de Berlim é hoje um “fantasma” — e ela borda-o para o revelar
Durante sete anos, Diane Meyer andou a bordar o muro de Berlim. Percorreu integralmente os 155 quilómetros do antigo traçado, tanto no centro da capital alemã como nos subúrbios, e fotografou o que viu. Depois, meticulosamente, bordou parte das imagens — uma das suas assinaturas artísticas—, como quem lhes cola pixels. Como que a incluir o digital no analógico. Em muitas delas, essa secção assinala o local exacto onde antes existia uma barreira.
“O bordado aparece como um traço translúcido na paisagem de algo que já não existe, mas é um peso na história e na memória”, refere em comunicado a nova-iorquina Klompching Gallery, que até 10 de Janeiro acolhe a exposição Berlim, assinalando o 30.º aniversário da queda do muro de Berlim. Nela, a artista americana revela pela primeira vez as 43 obras que compõem esta série, que o P3 já tinha aflorado em 2015.
"Estou interessada na natureza porosa da memória e também na forma como a fotografia transforma a história em objectos nostálgicos, aqueles entendimentos objectivos e obscuros do passado", refere Meyer no mesmo documento. "1989 não foi assim há tanto tempo. O muro é hoje quase um fantasma — mesmo não estando lá, ainda o podes sentir."